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Publicado: Quinta-feira, 22 de maio de 2008

Eu Por Mim Mesmo - Parte Três

Da maturidade, de ser fiel aos ideais e de uma auto-biografia
 
Na minha terceira década de vida, descobri o que é a maturidade. Sim, ainda me considero extremamente jovem. Porém, já não sou criança e nem adolescente. Por outro lado, não faço parte da terceira idade. Sou hoje o que muitos chamam de adulto, não que isso seja uma vantagem...
 
Aos 20 anos saí do amor adolescente para conhecer a paixão humana, aquela que move os romances. É um fogo como aquele provocado na palha-de-aço: intenso, mas breve. Ilumina muito, por muito pouco tempo. Em suma, não serve para o que aspira o coração humano, necessitado de algo muito mais duradouro e real.
 
Depois, aos 22 anos, senti o amor real: mais sereno e concreto. Feito de pequenos gestos adquiridos, em uma boa convivência, realmente verdadeiro. Infelizmente, não significa que passar por isso resulte em um final feliz. Porém, toda vivência é válida, ao menos no que se refere às reflexões.
 
Essa fase mais adulta coincide também com algumas frustrações. A gente descobre que não compensa ser idealista. Que o mundo não é (e talvez nunca seja) do jeito que Deus e nós mesmos queremos que seja. É o tempo em que encaramos a realidade da morte, com a perda dos entes queridos. Passamos a pensar na existência de forma mais concreta, preocupando-nos mais com o nosso futuro e subsistência.
 
Entre os meus 22 e 25 anos de idade, passei pela faculdade. Em vez de um tagarela amador, aprendi a ser um comunicador profissional. Nessa caminhada também encontrei muitos amigos e alguns permanecem comigo até hoje, apesar da distância que nos separa.
 
Foi um tempo de muito aprendizado, teórico e prático. Foi também uma época de muito sacrifício, com o salário praticamente sendo gasto com as mensalidades. Nada de festinhas, compras e passeios. Apenas apostilas e estudos. Mas valeu a pena e foi o melhor sacrifício que fiz até hoje, pois resultou no que sou atualmente.
 
Quando adquirimos certa maturidade, o suficiente para nos julgarmos adultos, a solidão aparece e aumenta. É triste, mas é real. Não há como fugir do fato de que, ao menos em alguns aspectos, é cada um por si. Em certas questões, de nada adianta o apoio dos amigos, a segurança dos bens materiais e a sabedoria das filosofias. Como dizem, tem horas que é apenas “você e Deus”. O famoso momento em que “a porca torce o rabo”.
 
Isso não é ruim, como alguns podem pensar. Ao contrário, é ótimo para descobrirmos realmente do que somos feitos. Se nossas crenças e convicções, nossos ideais e esperanças, superam todas as dificuldades, é porque verdadeiramente podemos viver conforme aquilo que acreditamos. E apesar de todas as dores e sofrimentos que possamos experimentar, nada alegra mais o íntimo de nossa alma do que descobrir-se fiel a Deus e a si mesmo.
 
Se pensarmos bem, trinta anos não podem ser considerados muito tempo. Ainda mais quando a atual expectativa de vida é o dobro disso e muitos brasileiros passam facilmente dos cem anos de existência. Entretanto, é o que disponho no momento. Também não sei de quanto tempo ainda poderei dispor, já que o ditado afirma que isso somente a Deus pertence.
 
Sei apenas que já vivi muitas coisas nesse período. E que muitas outras hei de viver, se a vida assim me permitir. Em três décadas foram tantas as lições: as vitórias e as derrotas, as alegrias e as tristezas, enfim, os aprendizados. Infelizmente não posso contar tudo aqui, caso contrário ninguém comprará minha auto-biografia daqui alguns anos.
 
Amém.
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