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Publicado: Quarta-feira, 10 de junho de 2015

Ensino Médio personalizado

Crédito: Banco de imagens Ensino Médio personalizado

No meu tempo de escola, o ensino básico era formado por quatro anos de primário e quatro anos de ginásio, isso se não tivesse que fazer o quinto ano por ter sido reprovado no exame de Admissão que garantia o ingresso ao ginásio. Ao se formar no ginásio o aluno tinha que optar entre cursar Ciências Biológicas (para aquele que gostaria de seguir a carreira de Medicina), o Científico (para aquele que se interessava por Ciências Exatas e o Normal (que é o Magistério de hoje), praticamente escolhido pelas meninas que queriam seguir a carreira de professor, que foi o meu caso. Foi nessa época (1971) que fundiram o ensino primário com o ginasial passando a ser denominado de ensino de 1º grau (que é o atual ensino fundamental e hoje com 9 anos) e criaram o ensino de 2º grau não sendo mais possível optar pelas áreas citadas acima. Como eu estava cursando o 1º Colegial exatamente no ano que implantaram, muitas mudanças ocorreram naqueles primeiros anos. Assim sendo cursei dois anos de Colegial e mais dois anos de Normal obtendo o Diploma de professora.

Com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (1996) o 1º grau passou a ser chamado de ensino fundamental e o 2º grau de ensino médio como é até hoje.

Sob o meu ponto de vista as mudanças no ensino fundamental foram pertinentes, porém a do ensino médio nunca deu bons resultados haja vista o grande número de evasão existente.

O ensino médio, hoje, não tem outra razão de ser que não a de preparar o jovem para ingressar na faculdade. Investir três anos de uma vida nessa preparação, quando qualquer cursinho de um ano faz o mesmo papel, é um desperdício de tempo e de vida. E o que é pior, o ensino médio das escolas públicas não consegue competir com a qualidade das escolas particulares. Assim sendo, os estudantes das escolas públicas jogam no lixo três anos da sua vida de estudante. Saem do ensino médio sem uma profissão, sem possibilidade de ingressar na graduação, sem qualquer tipo de oportunidade. É por essa razão que muitos nem ingressam, e os que ingressam abandonam logo no primeiro ano.

Essa realidade é muito triste, porém hoje li uma matéria no Estadão que me deixou otimista. São Paulo pretende mudar a dinâmica do ensino médio já em 2016. O secretário da Educação de São Paulo, Herman Voorwald, está apostando na tomada de decisão dos jovens quanto às escolhas das disciplinas que irão cursar. Dessa forma eles priorizarão as matérias que estão relacionadas com a escolha futura da profissão que exercerão. Assim como eu escolhi a área de humanas e cursei o Magistério, Direito, Artes Plásticas, Pedagogia, Psicopedagogia, ao longo da vida nunca senti falta de nenhuma matéria que integrava a grade curricular dos cursos de ciências exatas e muito menos as de biológicas.

Unificar o estudo nessa fase é matar a diversidade e a vocação que existe dentro de cada estudante.

O secretário ainda reforça: "Se eu quiser desenvolver a capacidade de escolha e de tomada de decisões nos jovens, tenho de permitir que ele opte. Este é o único caminho que tenho para que esse menino diga: 'estou escolhendo as disciplinas que eu quero, que fazem parte do que eu quero seguir na minha vida'"

Estou no aguardo de que realmente essa mudança comece em 2016. Não podemos mais perder tempo. E você, como vê essa mudança?

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