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Publicado: Quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

Editorial Invasão de Privacidade

Eram exatamente, 22h e 4m. Fui sobressaltada com a campainha do telefone. Estava eu, buscando no silêncio, inspiração para uma crônica, com entrega para o dia seguinte. Pronto! Lá se foi minha linha de pensamento. Era uma gravação estridente de alguma telefonia qualquer.

Estou ciente de que quando  ocupamos este espaço, supõe-se que o assunto seja importante. Então como justificar esse resmungo sobre a nossa invasão de privacidade?

Respeitamos os operadores de telemarketing porque estão trabalhando, buscando seu ganha-pão de cada dia, aliás, como todos nós. Cumprem ordens e não é isso  a fonte dos nossas queixas. O problema está nas empresas e em sua falta de escrúpulos na escolha de qualquer hora do dia ou da noite. Sim porque essas empresas, quase que diríamos, estão no ar 24 horas. Coisa de louco!

Por favor, pelo telefone, não! Nem tampouco pelo celular. Já bastam propagandas na TV, online, nos jornais, nas revistas, nos outdoors, pelos correios. Forçam impiedosamente a gastar nosso precioso tempo, ouvindo as insistentes ladainhas de suas promoções e facilidades  na demonstração de um produto que não estamos interessados. O pior de tudo isso, eles são tão bem treinados que não nos deixam falar, e nossa boa educação não nos leva a desligar o telefone na cara do vendedor.

Perguntamos:  invasão de privacidade não é crime?

Pois é isso que o telemarketing faz. Invasão de privacidade, ou melhor, invasão de pessoas. Não porque exponha nossa vida particular em público, mas porque nos persegue, são insistentes, nos toma diretamente desavisados e sem argumentos.  A voz humana gravada, do outro lado da linha, tem variações que irrita... O que vem pelo telefone não entra, de fato, nas nossas casas, mas entra em nós, mexendo com nossos nervos e interferindo no nosso humor. Haja paciência!

Sem qualquer constrangimento usam nosso tempo de viver, sem permissão.

O lar é um reduto onde  as pessoas podem  resguardar sua preciosa privacidade.  Sob seu domínio, somos perseguidos, invadidos, espionados, vasculhados. Desprovidos da intimidade, perdemos o último lugar no qual ainda poderíamos estar a salvo.

Nossos tempos são os tempos de uma sociedade de massa, para a qual toda a intimidade é um contrassenso e um obstáculo.

Pelo amor de Deus, se não podem mudar o jeito de se comunicar, pelo menos, respeitem os horários de descanso. Por exemplo: hora do almoço é sagrada e após às 17h respeitem a sineta do silêncio, esse é o momento em que as pessoas se voltam para outros interesses essenciais e necessários: família, carinho, é o estar só, germinando, talvez, novas ideias para um novo amanhã...

Temos dito!

Ditinha Schanoski

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