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Publicado: Terça-feira, 17 de março de 2015

É crise! É crise! Rá, tim, BOOM!

É crise! É crise! Rá, tim, BOOM!
Campanha da WMcCANN no Estadão

Pois é, não dá para esconder o elefante atrás do fusquinha; os dias de recessão estão aqui, agora, e a crise não é mais a poética "marolinha". Entretanto, sair colocando a culpa nela para tudo é brincadeira de criança e, definitivamente, não é saudável. Essa semana mesmo ouvi um homem gritar ao telefone: "Você quer que eu faça o quê? É a crise, ué!". Depois arrematou com a voz mais suave: "Te amo...".

Pois muitas empresas estão fazendo o mesmo. Em vez de enfrentar a adversidade com inteligência e serenidade, culpam-na por tudo e, nalgumas vezes, chegam até a entrar em pânico.

O irreversível acesso à informação passou daquele livreto escondido atrás do balcão, o Código de Defesa do Consumidor, para o pequeno advogado dentro de cada comprador.

Sem contar as patrulhas que estão até em canal de TV aberta usando a ineficiência do mercado como trampolim de audiência. Afinal, a coisa mais fácil do mundo, hoje, é encontrar na rua alguém insatisfeito com o produto ou serviço que recebeu. Quanto menos acompanhado num determinado nicho, maior a margem de incompetência que motiva o empresário a diminuir os custos de sua operação e aumentar o lucro. É tentador!

Esse pernicioso personagem de nossa economia nos fornece o seu pior, e o mínimo possível para se transformar em favor de seu cliente, até mesmo por reinar quase sempre soberano. Ele adora crises para se justificar. No entanto, como no capitalismo está cada vez mais caro ser único, esse empresário vai coagulando com outro grupo de "homem de negócios", o (em)prendedor.

A maioria das pessoas já teve um líder desses. Ele diz: "Não vamos prometer demais se não a gente vai ter que sofrer para atender o cliente depois". Mesmo que a "promessa" tenha sido precificada e repassada ao consumidor. É o famoso (em)prendedor organizacional. Ele trava o desenvolvimento de sua equipe e achata a possibilidade de um núcleo criativo dentro da empresa que poderia aparecer, a qualquer momento, com uma solução inteligente.

Ele prefere se expor claramente como deficiente, incompleto e ruim, a perder o sono para injetar a motivação que sua empresa precisa. Assim, "se o cliente escolher a gente, o problema é dele. Só não me venha reclamar depois, pois eu avisei que era assim". Aquele que tem medo de prometer o melhor e não entregar, não é empreendedor. Empreender é fabricar lucro batalhando para surpreender o cliente positivamente.

Assim como fez uma das agências de publicidade mais importantes do Brasil, com um dos heads mais relevantes para a história brasileira do consumo, a WMcCANN do Washington Olivetto. Notando que a crise era realidade, anunciou de folha inteira no jornal impresso Estadão, neste início de fevereiro, mas não o anúncio cheio de pompa esperado por quem está entre as três maiores empresas do setor e pode escolher cliente.

Com linguagem simples e direta, a fábrica de ideias da WMcCANN protagonizou, mais uma vez, um divisor de águas: "[...] em 2014, das cinco maiores agências brasileiras, a WMcCANN foi a que mais cresceu, passando do quinto para o terceiro lugar. Isso significa que, se a gente conseguir manter esse mesmo ritmo de crescimento em 2015, a nossa chance de passar para o primeiro lugar é ABSOLUTAMENTE NENHUMA. Mas significa também que, se a gente continuar trabalhando duro e você nos entregar sua conta, a gente pode terminar o ano de 2015 em segundo. Esta é a honestíssima proposta deste anúncio: vamos nos ajudar a crescer juntos. Mais do que nunca, todos nós estamos precisando", anunciou.

E, no rodapé, abaixo do logotipo da empresa, escreveu mais informal e surpreendente ainda, a seguinte orientação sem nenhuma preocupação gramatical: "Liga pra Dani que ela marca com o Washington...".

E você, está com medo da crise ou vai usá-la para se reinventar?

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