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Publicado: Sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Dois assuntos

Dois assuntos, diferentes em si, mas que se interligam.

É notória a cena dominante por toda cidade, com o asfaltamento das últimas quadras, ruas, avenidas e quarteirões, cujo leito carroçável ainda se constituía dos tradicionais paralelepídos.

Uma expressão mais correta chama esse serviço de recapeamento ou aplicação de camada asfáltica, eis que o piso anterior permanece.

Noutro jornal, em palavras do leitor, verberou-se a má qualidade do recapeamento, sujeito a que daqui a pouco ele se perca. Quer parecer que o cidadão, conquanto bem intencionado e voltado ao que de bom se deva sempre oferecer a uma cidade, esteja precipitado e que, sim, esses trechos mal cobertos, ainda venham a ser completados numa outra fase. Assim parece.

Também correu por aí aquele reclamo, tardio, de que alguns logradouros, a bem da conservação histórica de seus prédios, jamais deveriam perder o piso de pedras. Isso, por sinal, em termos de protestos, já ocorreu quando também da recente cobertura do que faltava asfaltar, na praça Duque de Caxias. Entretanto, nem fazia mais sentido manter o piso antigo justamente no sentido de direção naquela praça, do centro para bairro. Na verdade, de há muito, justamente quando, doutro lado, sentido bairro centro, a via fronteiriça ao quartel tinha já sido não só coberta como estreitada.

O reclamo e o brado atual envolveu principalmente a Praça Regente Feijó, que o carinho popular ainda apelida e a menciona como Largo do Patrocínio. Ali deveriam ficar os paralelepípedos, ouviu-se clamar por aí.

Fato concreto e acabado, contudo, é que Itu há mais de meio século, deitou a perder gradativamente todo seu patrimônio arquitetônico, que faria dela – como falam os saudosistas, e com muita razão – a Ouro Preto paulista. Os sobradões, um a um, foram impiedosamente postos por terra.

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Tema de número dois, a algazarra do período pré-eleitoral, a famigerada campanha política.

Tenha-se cautela nas várias esquinas da Floriano, principalmente na da Sete de Setembro, para que não lhe batam na cabeça com os varões das múltiplas bandeiras que ocupam as estreitas calçadas. Que alvoroço.

Em termos da quantidade de candidaturas – e quando elas são demais aos mesmos cargos atrapalham-se entre si – nunca se viu igual. Que patriotismo! Que espírito público admirável!

Hora e oportunidade de infalivelmente recair naquele surrado lugar comum, de se proclamar que se salvam os candidatos bem intencionados. Afirmação correta. Pede-se entanto aos prezados leitores que eles mesmos os relacionem e lhes dêem nomes, aos que assim o sejam. Poupam portanto tal mister ao colunista e se cada um o faça por si evita-se ferir suscetibilidades. Seja permitido apenas afirmar que essa lista, prioritária e correta, será extremamente diminuta.

Apesar dos pesares, historicamente, trilha-se o caminho da democracia, sistema que conquanto imperfeito porque conduzido pelos homens, tende a vencer os séculos e trazer lentamente um enfoque mais sério do bem público, como o demonstram, embora ainda com falhas, os países desenvolvidos. Erra-se menos e o padrão de vida é elevado, com o povo melhor favorecido e as benesses melhor distribuídas, com pouca desigualdade entre os cidadãos.

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