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Publicado: Quarta-feira, 26 de março de 2014

Discurso na Semana Dom Gabriel 2014

Crédito: AI / Câmara de Vereadores de Itu Discurso na Semana Dom Gabriel 2014
Da esquerda para a direita: Osmar Barbosa, Dr. Bastos. Prefeito Tuíze, Salathiel de Souza, Nair Langue.

Discurso proferido em 14 de março de 2014,

na Câmara de Vereadores de Itu,

em solenidade da 21ª Semana Dom Gabriel

na qual foram outorgadas

a medalha e o diploma Dom Gabriel

ao Sr. Osmar Silveira Barbosa.

 

 

 

 

         Prezadas autoridades civis, militares e eclesiásticas, amigos e amigas.

         Começo agradecendo novamente a Deus a oportunidade de aceitar o convite para voltar a esta Casa de Leis, desta vez para enaltecer a figura de Dom Gabriel Paulino Bueno Couto.

         É missão que muito me honra, uma vez que este ilustre ituano foi o primeiro bispo da Diocese de Jundiaí, onde hoje figuro na condição de seminarista, iniciando os meus estudos na área da Teologia. Além do mais, Dom Gabriel é também o meu Patrono na Academia Ituana de Letras (ACADIL) onde ocupo a cadeira de número 27.

         Os que me conhecem sabem que não sou homem de firulas. Não faz meu estilo perder tempo com palavreados sem sentido. Ciente do meu papel, venho trazer uma mensagem. Uma mensagem que tem tudo a ver com a pessoa de Dom Gabriel Paulino e com a Igreja que ele tanto amou.

         Parabéns, prezado Osmar Barbosa! Parabéns por estas comendas que o senhor recebe hoje! Mas junto com elas o senhor carrega agora, ainda mais, sobre os seus ombros, o nome de uma pessoa de fé, um verdadeiro santo deste nosso solo ituano. Sei que é admirador de outras pessoas que por Itu passaram com aura de santidade: Madre Voiron e Padre Bento. Honrar as homenagens recebidas será uma missão permanente na sua vida.

         A Igreja dos dias de hoje vem, na figura simpática e acolhedora do nosso Papa Francisco, recordar aos homens e mulheres pontos centrais não só da Doutrina Católica, mas da boa convivência humana. Se estivesse vivo entre nós agora, certamente Dom Gabriel Paulino concordaria em gênero, número e grau com os esforços do primeiro Papa da América Latina.

         Em seus dias de seminarista, o então jovem Paulino Bueno Couto estudou os documentos da Igreja Católica sobre as questões sociais do fim do século 19 e início do século 20: Qui pluribus (1846) e Quanta cura (1864), do Papa Pio IX; Rerum Novarum (uma crítica aos materialismos comunista e capitalista, 1891); Imortale Dei e Quod apostolici muneris (1878), do Papa Leão XIII; o Ad Beatissimi (1914), do Papa Bento XV; o Quadragesimo anno (sobre a reconstrução da ordem mundial, 1931), do Papa Pio XI.

         Já como sacerdote, Dom Gabriel Paulino certamente leu e concordou com as diretrizes da: Divini Redemptoris (uma condenação ao comunismo), a Non abbiamo bisogno (uma condenação ao facismo) e a Mit brennender Sorge (uma condenação ao nazismo), ambas publicadas por Pio XI em 1937; também estudou a Fidei donum e a Ad apostolorum principis, de 1957, do Papa Pio XII.

         Dom Gabriel, que participou de todas as reuniões do Concílio Vaticano II, um marco na história da Igreja moderna, também foi contemporâneo dos documentos: Mater et Magistra (sobre o cristianismo e o progresso social, de 1961) e Pacem in Terris (1963), do Papa João XXIII; a Gaudium et Spes (1965), publicada pelo próprio Concílio; a Populorum progressio e a Octogesima Adveniens (1967); a Humanae Vitae (1968) e a Evangelii Nuntiandi (1975), do Papa Paulo VI.

         Já em seus últimos anos de vida, o nosso saudoso bispo ituano certamente também leu a Redemptor Hominis (1979) e a Laborem Exercens (sobre o trabalho humano, 1981), os primeiros documentos do Papa João Paulo II.

         Dom Gabriel faleceu em 1982 e portanto só viu do céu os documentos: Carta dos Direitos da Família (1983), Solicitudo Rei Socialis (1987), Centesimus Annus (1991), Tertio Millenio Adveniente (1994) e Evangelii Vitae (1995), também do Papa João Paulo II. E nesta linha nós, nos dias de hoje, vimos os documentos: Deus Caritas Est (2005) e Caritas in Veritate (2009) do Papa Bento XVI.

         A lista é longa, mas vale para recordar: são 28 documentos da Igreja Católica sobre as questões sociais, em menos de dois séculos. Essa longa obra mostra a preocupação dos católicos com as questões sociais em todos os tempos e contextos.

        A Igreja Católica jamais ficou passiva diante das necessidades do povo. Muitas tentativas de tirar a Igreja dos debates públicos acontecem justamente por saberem que os fiéis e o clero sempre defenderão o direito a uma vida digna a todas as pessoas.

        O clero católico e os fiéis, acolhendo as contribuições das diversas ciências, têm o direito de exprimir opiniões sobre tudo aquilo que diz respeito à vida das pessoas. Não se pode aceitar que a religião deva limitar-se ao ambiente privado da sacristia e sirva apenas para preparar as almas para o céu.

         Além do Compêndio da Doutrina Social da Igreja, hoje temos a oportunidade de apreciar os ensinamentos do Papa Francisco. Em seu documento Evangelii Gaudium (Alegria do Evangelho), o Santo Padre aborda no capítulo IV a Dimensão Social da Evangelização. É este trecho que nos inspira neste momento.

         “Quero uma Igreja pobre e para os pobres”, diz o Papa Francisco, nos lembrando que muitos de nós temos as mãos cheias de sangue devido a uma cômoda e muda cumplicidade diante das situações que trazem tanta desigualdade a tanta gente.

        Ninguém deveria dizer que se mantém longe dos pobres porque as suas opções de vida implicam prestar mais atenção a outros deveres. Esta é uma desculpa freqüente nos ambientes acadêmicos e empresariais, políticos e até mesmo eclesiásticos. Ninguém pode se sentir livre da preocupação pelos pobres e pela justiça social.

        A Igreja é perita em humanidade. É perita em caridade. Na Igreja tiveram origem as tantas obras sociais existentes até hoje em favor dos pobres: crianças órfãs, menores de rua, doentes, drogados, idosos abandonados, morad

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