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Publicado: Domingo, 20 de novembro de 2016

Dia da Consciência Negra! Reflexão sobre a Mulher!

Crédito: disponível na net Dia da Consciência Negra! Reflexão sobre a Mulher!
Que compreendamos o sentido da liberdade.

Hoje retomo um assunto sobre o qual escrevo todos os anos, a questão da consciência sobre a condição do negro no Brasil, mas, especialmente, sobre a questão da condição da mulher negra.

Não sou especialista no assunto, então procurei alguns dados, alarmantes, diga-se de passagem, sobre a violência contra a mulher e, mais acentuadamente, contra a mulher negra.

O Brasil é o quinto, isso mesmo, quinto país no ranking dos países que mais agridem suas mulheres, em todo o mundo. Se olharmos somente para a agressão contra a mulher negra, com certeza conquistará o primeiro lugar.

Uma vergonha sem precedentes!

Mesmo nos países africanos, com todas suas dificuldades de acesso à educação, à comunicação, com suas questões religiosas, e tantas outras coisas, e até mesmo a Nigéria, tem mais respeito por suas mulheres que o Brasil.

Hoje, ao final do dia, terão sido agredidas mais de 1.000 (mil!) mulheres em nosso país, e terão sido mortas mais de 30!  Dois terços são negras ou pardas.

 Na sua maioria, jovens entre 13 e 40 anos de idade!

Que país é este?  Onde estão as igrejas e as religiões? Onde estão os movimentos em defesa da mulher? Onde estão as autoridades?  Onde estão os professores, diretores, prefeitos, vereadores, padres, bispos, pastores, e todos?

Eu sabia da agressão à mulher, e à mulher negra, e já me assustava com isso! Mas não imaginava, nem de longe, tão grande barbárie. Não imaginava que vivíamos em um tempo anterior á Idade Média. Somos piores que os senhores feudais e seus sacerdotes no tempo da inquisição!

Somos piores!

Há que se indignar! Há que se gritar aos quatro ventos! Há que se fazer algo na prática!

Chega de propaganda enganosa! Basta!

De 25 de novembro a 10 de dezembro considera-se, no mundo todo, por orientação da ONU, um tempo de vigília para debate dessa questão tão delicada.

No Brasil se antecipa para o dia 20 de novembro este período tendo em vista as agressões à mulher negra, e aos negros em geral.

As estatísticas da violência doméstica são um escárnio, um motivo de vergonha.

Eu me envergonho, e me emociono, com esta situação.  Enquanto tiver um espaço para gritar, e enquanto tiver voz, gritarei, gritarei bem alto para o mundo ouvir.

Em casa, onde a mulher deveria estar mais protegida, ela é mais agredida!  Dos companheiros, que deveria receber mais apoio e atenção, recebe mais agressão.

E não é só a agressão física, não! 

Agredir a mulher é fazê-la de serviçal do marido e dos filhos; agredir a mulher é não deixa-la livre para escolher sua profissão, seu caminho, escolher estudar ou não estudar; agredir a mulher é controlar suas conversas nas redes sociais, é controlar suas idas   e vindas, onde quer que seja, e na hora que for; agredir a mulher é fazer gracinhas, trata-la com falta de respeito nas reuniões familiares, fazer piadas com loiras, morenas, sogras, etc...; agredir a mulher é coloca-la nos fogões da vida nos finais de semana enquanto o “machão” vai ao futebol..., agredir a mulher é achar que somente o homem sabe dirigir e fazer observações desairosas quando ela está ao volante,  por aí vai...Todos sabem do que estou falando.

MULHERES, NÃO ACEITEM SER AGREDIDAS OU CONTROLADAS!

NÃO ACEITEM SER ENGANADAS! 

NÃO ACEITEM SER SERVIÇAIS!

ESCOLHAM SEU DESTINO! ESCOLHAM A VIDA QUE QUEIRAM TER!

MARIDO, COMPANHEIRO, NÃO É SEU DONO!

É obrigação do Estado e de todos os Homens de Boa Vontade, dos verdadeiros homens, dos não COVARDES, apoiar a mulher, incentivá-la ao desenvolvimento, dar condições a elas de crescimento pessoal e profissional.

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Socorro! Por favor, me ajudem a chegar ao final do dia... (Poeta Sidarta Martins)

Sou mulher e sou negra, sei que não chegarei ao final do dia

Sou daquele grupo de mulheres que entrarão para as estatísticas

Aquelas estatísticas mundiais sobre feminicídio

Preciso de sua ajuda!

Por favor, eu quero viver!

Por favor, você que é meu vizinho há tanto tempo

Você  que foi minha amiga de infância

Você que é minha colega de trabalho

Enfim, você que me vê todas as semanas

E pergunta sobre os inúmeros machucados

Por todo meu corpo...

E que faz piada sobre o fato de eu ser tão desastrada...

Por favor, eu tenho três filhos pequenos, quero vê-los crescer

Quero ir à formatura deles...

Por favor...

O fato de eu ser mulher não justifica tamanho descuido

E o fato de eu ser negra não justifica tão grande falta de atenção

Lembra-se, antes de eu casar como eu era feliz, como tinha sonhos?

Lembra-se?

Lembra-se dos tantos planos que dividimos juntos, dos tantos sonhos...

Lembra-se de como eu era alegre e saltitante?

Quero voltar no tempo, quer ajeitar as coisas

Mas preciso de sua ajuda, preciso de seu ombro amigo

Por favor, não quero morrer tão jovem...

E não quero mais ser agredida!

Nem tenho mais coragem de olhar para meus filhos

Que exemplo de mãe eu sou?

Por favor, me ajude a encontrar uma saída, um caminho

Uma luz neste túnel tão escuro...

Sou mulher e sou negra, sei que não chegarei ao fim do dia

Sem a sua ajuda, sei que não chegarei...

Preciso de sua voz, preciso de sua força, preciso de sua mão amiga

Por favor..

Sem sua ajuda não chegarei ao final do dia...

Por favor...

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