Depois de tudo
Ao longo de nossa existência nos deparamos com situações de ingratidão, de desamor, de desinteresse, de incompreensão... Situações que nos mostram como é o humano, como nós somos, e onde, de fato estamos.
A nossa Poetisa de quatro costados, Aline Romariz, não raras vezes nos contempla com textos de indignação perante as incontinências do humano, perante as agruras de viver a poesia e perceber, a todo momento, essas intemperanças, essas esquisitices, essas coisas que não deveriam fazer parte deste ser criado à imagem do divino.
“Não sou poeta, sou apenas um caipira, mas o tema que me inspira é a vida, (e a lida), de peão... Quase chorando, meditando nessas mágoas, rabisquei essas palavras, e saiu esta canção”
Depois de tudo (Sidpoeta)
Depois de tantos anos
Os anos deixaram de contar
Depois de tanto abandono
A presença deixou de estar
Depois de tanto descaso
Os casos deixaram de importar
Depois de tanto desinteresse
As coisas importantes
Deixaram de interessar
Depois de tanta amargura
O amargo da língua deixou de incomodar
Depois de tantas dores
Os ferimentos deixaram de doer
Depois de tantas batalhas
Não importa mais viver ou morrer
Depois de tantas partidas
Não há razão para chegar
Depois de tantas negativas
Não existe mais o porquê de se perguntar
Depois de tantas desilusões
A ilusão deixou de sonhar
Depois de tanta solidão
Aprende-se a ficar só
Depois de tanto acreditar
Aprende-se a fazer
Depois de tantas tentativas, em vão
Aprende-se a compreender
Que depois de tanto desamor
O amor perdeu o sabor
Depois de tantas idas e voltas
Aprende-se a retornar
Retornar ao ponto de partida
Retornar a si próprio
Voltar-se para o que importa...
Aprende-se a perceber a existência humana
Aprende-se a viver.
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