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Publicado: Segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Coxinhas em Demasia, Excesso de Petralhas

Coxinhas em Demasia, Excesso de Petralhas

Em épocas de eleição, principalmente quando há demasiada tensão política entre os candidatos, é comum toparmos com um tipo de personagem que deve ser muito conhecido de todos vocês: o sujeito "extremamente polarizado." É aquele cara cuja opinião política, por mais complexa que possa parecer, se resume a uma única atitude e um único discurso: "eu não voto no PT/PSDB nunca."

O eleitor mais ingênuo, contudo, acredita que é possível argumentar com essas pessoas. Fazê-las terem opiniões menos intransigentes. Pobre alma desinformada. Já de cara, os fanáticos ideológicos lançarão mão de velhos bordões e frases clichês recheadas de ódio e preconceitos sobre o que o outro partido fez/faz de errado e como a ideologia rival é a escória da democracia brasileira. Quando falharem em convencê-lo, apelarão pra cansativas e batidas ofensas de cunho partidário: "você é um petralha/coxinha/comunista/fascista/intelectualóide de merda."

Esses indivíduos tem dados estatísticos na ponta da língua e são capazes de citar os mais diversos relatórios econômicos e sociais de cor e salteado. São donos da verdade e, como tal, tem a plena convicção que você não apenas está errado, como é a principal (e talvez a única) razão pela qual o país não funciona.

Coxinhas e petralhas que me desculpem, mas eu opto por ser, digamos, mais flexível. Eu preciso debater com pessoas cujas opiniões divergem das minhas. Desejo saber porque meus dogmas e convicções estão incorretos e, mais do que isso: eu QUERO ser convencido de que estou errado. Gosto de ser, se me permitem o uso do termo, essa metamorfose ambulante.

Argumentos apaixonados, mas desprovidos de censo crítico, não me convencem, muito pelo contrário. É necessário muito mais do que essa devoção cega e esse fanatismo quase religioso pra me fazer optar por o que é o melhor pra mim, pra minha família, pra minha cidade, pro meu país. É preciso uma argumentação verdadeira, declarações com embasamento sólido e discursos menos inflamados e mais intelectualmente enriquecedores. Há de se demonstrar compreensão com os múltiplos pontos de vista do eleitor brasileiro e ponderar sobre os caminhos a seguir. E ter, sobretudo, solidez nas propostas pra lidar com os tropeços que eventualmente virão.

Cegar-se para as qualidades ou defeitos de um ou outro candidato e, principalmente, ignorar os seus planos e projetos de governo, unicamente por uma questão de fé fanática em determinado partido, não demonstra nem inteligência, nem noção de cidadania e, muito menos, consciência política. Pelo contrário: é uma exibição barata do exato oposto disso.

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