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Publicado: Sexta-feira, 24 de abril de 2015

Conversão de Hotéis: cruzada de fé

Conversão de Hotéis: cruzada de fé

No Brasil, ao contrário dos Estados Unidos, 70% dos hotéis são independentes. Ou seja, são administrados pelo dono, e não pertencem a qualquer rede ou marca reconhecida.

Por isto, o jargão hoteleiro “conversão”, que mais parece coisa de religião, ironicamente se aplica muito bem a esse caso. Hoje, tudo se passa como se cada meio de hospedagem, apesar de compartilhar da mesma fé, quisesse criar sua igreja particular. Em um país carente de recursos e infraestrutura, esta situação representa um tremendo desperdício de energias e dinheiro. Ao invés de se beneficiar da experiência e benefício de escala, o proprietário a cada minuto precisa reinventar a roda.

A situação começa a mudar. As conversões estão se popularizando, alavancadas pela revolução da internet e a criação de agências de viagens online (OTAs), o que obrigou hoteleiros a repensar a maneira de distribuir os produtos. “Temos a oferecer o nosso poder da plataforma de distribuição, a força das marcas, as compras compartilhadas e a experiência no setor”, comenta Abel Castro, diretor de desenvolvimento da Accor, uma das redes mais ativas na modalidade. Ele acaba de incluir em seu portfólio três estabelecimentos tradicionais de Pernambuco: o Mar Hotel e Atlantis em Recife, e o Summerville em Poorto de Galinhas, todos pertencentes à família Pontes. E já tem um pé no ícone paulista Maksoud, onde a multinacional francesa começou por administrar as vendas, de olho em um futuro casamento que unirá a marca com o prestígio.

Castro explica que a conversão é um bom negócio para os dois lados. O proprietário se beneficia da força da marca, que por sua vez ganha acesso imediato ao mercado local, já que o ciclo de desenvolvimento de um hotel leva até 4 anos. Neste momento, Abel comemora 49 novos contratos assinados nesta modalidade. Mas a Accor não está sozinha. Há mais redes que se expandem neste mercado altamente promissor.

Uma boa dose de pragmatismo não faz mal a ninguém. Colocando de lado o sonho de um ter o seu próprio hotel, não é melhor para os independentes operacionalmente ineficientes contar com uma rede de especialistas e suporte de uma marca que assegurem bons resultados financeiros? Quanto ao consumidor, ele só tem a agradecer. A não ser em casos honrosos de nichos bem sucedidos, ninguém mais aguenta se instalar em hotéis administrados com total amadorismo.

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