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Publicado: Sábado, 11 de junho de 2016

Contextualizando o Concílio Vaticano I

Crédito: Internet Contextualizando o Concílio Vaticano I
Concílio Vaticano I: aberto pelo Papa Pio IX em 1869.

Trezentos anos após o Concílio de Trento (1545-1563) o mundo havia passado por inúmeras revoluções, visíveis e invisíveis. As mudanças econômico-sociais suscitadas principalmente em Inglaterra e França, assim como o contexto geopolítico na Europa, mostravam que a partir do século XIX o mundo não poderia mais ser o mesmo.

No plano das idéias, principalmente a partir do pontificado de Gregório XVI, a Igreja condenou pontualmente os sistemas filosóficos opostos à sua Doutrina no que tange ao conhecimento de Deus e às relações entre Fé e Razão.

São exemplos: o semi-racionalismo de G. Hermés e A. Günther; o fideísmo de L. Bautain; o tradicionalismo de A. Bonnetty; o ontologismo de A. Rosmini; as controvérsias sobre a liberdade dos teólogos e a condenação do método de J. Frohschammer; o anticlericalismo e o indiferentismo do pensamento de F. de Lamennais; etc. Enfim, o borbulhar de tantos novos conceitos dava a entender que também o modo de interpretar as realidades do mundo seria transformado profundamente.

No plano político, o embate entre o galicanismo e o ultramontanismo em solo francês tornou concreta a ameaça ao poder temporal do Papa por parte de Napoleão III. Marco desse tempo é a reação do Papa Pio IX (1846-1878), ao publicar duas obras deveras importantes: a encíclica Quanta Cura, visando combater principalmente o Liberalismoe o Sílabo, uma coleção de oitenta proposições em que estão contidos os principais erros modernos reprovados ou condenados nas alocuções consistoriais, encíclicas e outras cartas apostólicas de Pio IX.

De acordo com o renomado historiador Zagheni, o Vaticano I é significativo para a Igreja do século XIX porque contribuiu para afirmar e para fixar na consciência cristã aqueles valores sobrenaturais combatidos ou negados pelos Estados liberais do século XIX e defendidos pela Igreja com uma presença e ação freqüentemente não compreendidas.

Tendo como pano de fundo todas essas complexas questões de um planeta em total mudança é que, em 8 de dezembro de 1869, Pio IX abriu o vigésimo Concílio Ecumênico da História da Igreja Católica, que ficaria conhecido como Vaticano I.

(Continua)

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