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Publicado: Sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Consumo Desenfreado - Parte I

Trabalhamos mais para consumir mais ou

consumimos mais e com isso temos que trabalhar mais ?

 

Ao me deparar com esta questão parei para pensar e fiz um flashback de minha adolescência em que passei ao lado dos avós e primos, quando escutávamos disco de vinil na vitrola (minha primeira vitrola era do Mickey, pequena e cor de laranja), dos dias que ficávamos esperando tocar a música preferida no rádio para gravar na fita cassete e na torcida para não vir com a vinheta da rádio, sempre em vão. E o vídeo game, enduro, pac-man, preto e branco e computador mesmo, nem tínhamos acesso, o interesse era a máquina de escrever, para alguns claro.

Enfim, passados esse início retro, não há muito tempo assim, ouvi pela primeira vez o termo “globalização”, matéria de estudo no colégio e objeto de trabalho, com direito a apresentação para a sala lá na frente, o que causava vergonha e constrangimento. Globalização esta alvo de manifestações em meados de 1990, mas que na verdade já vinha surgindo e se massificando pós 2ª Guerra Mundial.

O boom da globalização cresceu e superou as manifestações com o acesso à internet, hoje face mais visível e causadora do aumento do consumo desenfreado, o qual faz com que as pessoas passem a maior parte do tempo alocadas no trabalho com o intuito maior e porque não dizer único de satisfazer o seu consumo.

A compra de um carro novo, televisor de última geração, quer dizer, acho que a palavra última geração caiu de moda, pois praticamente em menos de um ano lançam um televisor novo, há pouco eram as televisões de tela plana, após veio a de plasma, depois LCD, agora surgiu a de LED e em 3D e já se ouve falar em 4D, e com isso são tantas informações que não há tempo de apreender todos os conceitos, quando você consegue aprender um, ah, já caiu de moda e surgiu um novo modelo no mercado e você parte para se atualizar novamente.

E para não ficar atrás, se observa crescer um egoísmo consumista, onde as pessoas cada vez mais descartam produtos os quais poderiam ser reutilizáveis. Nos EUA, por exemplo, há todo ano na rua o descarte de televisores, computadores, laptops e outros aparelhos, além de móveis e eletrodomésticos, tudo porque num determinado período as lojas liquidam seus estoques diante da proximidade de novos produtos no mercado. E nós, brasileiros, caminhamos para isso, basta olhar para o lado.

Há na verdade um círculo vicioso causador de grandes danos os quais passam imperceptíveis aos olhos das pessoas, pois quanto mais se consome, mais matérias primas são utilizadas, com isso, o ambiente mais se degrada e, além disso, mais descartes são realizados e o que não é aproveitado pelos moradores de rua, acabam nos lixões, pois ainda não temos uma política de consumo consciente, sendo aprovada somente no ano passado a lei de resíduos sólidos, a qual possui ainda muitas arestas e muito a ser complementada e assim caminhamos para prejuízos de curto e longo prazo.

Você já parou para pensar em tudo o que tem ? E melhor, será que você utilizou tudo isso durante o ano que passou ? Isso me fez lembrar novamente de meus avós, os quais por exemplo, guardavam sempre as coisas novas e usavam sempre as mesmas, eles sim sabiam consumir, por outro lado, não aproveitavam as novas, pois após o falecimento destes, algumas peças já estavam com a cor envelhecida, e muito se perdeu, o restante, bom o restante, aquela divisão desproporcional realizada pela família.

Mas focado ainda nesta análise a qual proponho, já prestou atenção no que pode ser reaproveitado, alterado, desmontado e recriado, ao invés de encostar em um armário e partir para a compra de um novo ?

Uma boa maneira de praticar um consumo consciente e menos desenfreado é após está análise preliminar, separar tudo aquilo o qual de nada mais lhe servirá e simplesmente doar, o que além de exercer a cidadania, enobrece a alma. Mas para aqueles capitalistas os quais custam a se desprender de seus objetos materiais, há ainda a opção de vendê-los através dos conhecidos brechós, onde se pode deixar à venda desde objetos sem sentido nenhum, até roupas, móveis e eletrônicos e na maioria dos casos em consignação, uma boa maneira de diminuir o consumo desenfreado é freqüentar estes lugares, pois além de deixar por lá aquilo que não se usa mais, ainda existe a possibilidade de trocar por algo o qual você está realmente – preste atenção – REALMENTE precisando e que certamente alguém deixou ali porque não precisava mais.

Após a prática deste ato as pessoas poderiam praticar a tentativa de sair deste círculo vicioso, como ficar de pernas para o ar, ficar sem pensar um pouco, e digo isso por experiência própria, de quem coloca um filme para ver, mas fica a pensar que ao invés de ver aquele filme poderia estar fazendo isso ou aquilo. Vamos tentar, é melhor do que se arrepender por não ter tentado, pare um pouco, RESPIRE, caminhe ao invés de pegar um ônibus em percursos curtos, observe o bairro onde você mora, as árvores, as pessoas, mas não se esqueça de olhar para atravessar a rua e tente acima de tudo, dedicar mais tempo para a sua família seja ela a biológica ou por afinidade e trabalhe na medida certa, não seja um escravo do trabalho, TRABALHE PARA VIVER E NÃO VIVA PARA TRABALHAR ! Aproveite a sua vida agora e não somente após a sua aposentadoria.

Há muita informação na rua, na televisão, no rádio, na internet e somos bombardeados por segundo com tanta novidade, mas temos de ter o controle sobre a máquina e cabe a cada um refletir se realmente necessita daquele determinado produto e tomar sempre cuidado para não se deixar levar pelos apelos consumistas. Está lançado o desafio, agora só depende de você.

Rogério de Almeida Gimenez

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