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Publicado: Sábado, 18 de novembro de 2017

Conjuntura, Atividade, Produção, Safra e Inflação

Caro leitor, seguindo a tendência demonstrada nos artigos anteriores de retomada lenta e gradual da atividade, renda e economia, as vendas do varejo em setembro cresceram 0,5% na passagem de agosto para setembro, divulgado pelo IBGE. No que tange os setores, apresentaram crescimento na margem os Hiper, Supermercados e Produtos Alimentícios e Artigos Farmacêuticos e as vendas de materiais de construção. Isto ratifica a esperança de que o consumo das famílias siga corroborando a retomada da atividade econômica nos próximos meses.

A produção total de veículos, excluindo máquinas agrícolas, somou 249.932 unidades em outubro, segundo os dados divulgados pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), sendo a primeira queda depois de três meses consecutivos de alta refletindo retração de demanda e aumento de estoques. Com o final de ano projeta-se, mesmo assim, um aumento da atividade industrial ligeira neste setor.

Nesta mesma linha, a produção industrial se expandiu em setembro em 6 das 14 regiões pesquisadas, considerando as séries com ajuste sazonal, segundo a Pesquisa Industrial Mensal Regional divulgada ontem pelo IBGE. Destaca-se o crescimento da produção industrial nos estados do Rio de Janeiro (8,7%), Goiás (2,1%), Pará (2,0%) e São Paulo (1,3%). Em contrapartida, observou-se retração no Espírito Santo (-3,0%), Pernambuco (-2,5%), Amazonas (-1,1%), Ceará (-1,1%), Bahia (-1,1%), Rio Grande do Sul (-1,0%) e Minas Gerais (-0,4%). No Paraná e em Santa Catarina a produção industrial ficou praticamente estável, com variação positiva de 0,2%. Na comparação interanual, as maiores altas foram verificadas no Pará (13,2%) e Rio de Janeiro (11,3%), impulsionadas pelos setores da indústria extrativa e de combustíveis, respectivamente. No que tange o cenário para a produção industrial nos próximos meses, devemos observar uma melhora paulatina, impulsionada pela retomada do consumo das famílias e pela redução da taxa de juros.

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou estimativa de plantio da safra 2017/18 de grãos que está sendo plantada no País. Considerando a média entre o limite inferior e superior, a área plantada está estimada em 61,5 milhões de hectares, o que representa uma ampliação de 1,0% ante a safra anterior. As principais culturas com expansão prevista de área são o algodão (10,9%), e a soja (3,1%). No sentido contrário, a área plantada de milho deverá sofrer redução de 3,0%. A produção está estimada em 225,4 milhões de toneladas, recuando 5,5% em relação à safra passada, considerando o intervalo entre os limites inferior e superior. Isso porque as estimativa da Conab indicam queda de produtividade, considerando previsão climática, investimento em tecnologia, entre outros. As estimativas são de redução de produção para o arroz, o feijão, o milho e a soja. As produções de arroz e de feijão devem cair 5,0% e 3,9%, respectivamente. Para o milho, a produção esperada é de 92,3 milhões de toneladas, queda de 5,6% ante a safra anterior. Já a produção de soja deve somar 107,5 milhões de toneladas, um recuo de 5,7%. Por outro lado, aumentam as produções de algodão, que cresce 10,2%, e do trigo, que se mantém estável. Embora a expectativa seja de aumento da área plantada em todas as regiões, espera-se redução da produção por conta da diminuição da produtividade. O menor volume produzido de grãos no País poderá levar à elevação dos preços agrícolas domésticos no próximo ano.

No que se refere a inflação, o IGP-10 subiu 0,24% em novembro, de acordo com os dados divulgados pela FGV, com recuo em relação a outubro, quando avançou 0,49%, devido a desaceleração dos preços de produtos industriais e agrícolas no atacado. O IPA Industrial passou de uma alta de 0,61% para outra de 0,15%, ainda refletindo o cenário do preço do minério de ferro. O IPA agropecuário passou de uma alta de 0,88% para outra de 0,37% neste mês. O IPC, subiu 0,32% no período, após alta de 0,18% no mês passado. Já o INCC passou de uma elevação de 0,11% para outra de 0,30%. Destarte, o IGP-10 acumula deflação de 1,1% base doze meses. Neste mesmo sentido, o preço dos aluguéis registrou queda de 0,28% entre setembro e outubro, segundo pesquisa realizada em 15 cidades brasileiras pela Fipe em parceria com a ZapImóveis.

Em suma, como vemos, com as vendas no varejo e o volume de serviços voltando a acelerar, corroborando a leitura de que o crescimento está retomando e, pelo efeito multiplicador, contaminando os setores da economia, favorecida também pelo incremento das condições de crédito, da confiança e do mercado de trabalho. A inflação, como temos visto, no curto prazo continua apresentando bom comportamento, demonstrando aceleração do IPCA para 0,42% em outubro devido aos preços dos alimentos. Fica em alerta o IGP-DI, especialmente nos setores de siderurgia e produtos químicos, refletindo as elevações observadas nos preços de minério de ferro e de petróleo, no entanto, choques de oferta parecem improváveis.

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