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Publicado: Sábado, 13 de dezembro de 2014

Confidências a céu aberto

Crédito: Rev. Regional/set. 2014 Confidências a céu aberto

À percepção da maioria dos leitores não escapa, creio, o fato de que o cronista se pronuncia quase sempre ao sabor do momento e no uso de uma linguagem espontânea, mas também por isso, vivaz e consequente.

Confidencio então que lá no recôndito da imaginação, vejo o calendário, o ano civil, como se fora em verdade uma montanha de pináculo acessível por estrada única que, ao alcançar o cume, quase que impõe uma descida em desabalada carreira. O semestre segundo, notoriamente, já é assim vivido, em solavancos de acentuada celeridade.

Quando a gente se dá por achada, o trimestre final é de verdadeiro atropelo e, nele, um dezembro que parece se compor de não mais de quinze dias. O Natal está aí, estão vendo vocês? Chegou.

Pareceu-me então este, um bom momento para alguma elocubração,  digressão, sonhos e conversa ao pé do ouvido. Só para você.

Como confidenciar a céu aberto, assim de público e sem reservas?

Não se poderia dizer sejam confidências, propriamente ditas.

Mas insisto, porque as farei de mim para comigo. Apenas que, por descuido voluntário, acabarão por serem conhecidas, eis que elas vão se constituir no teor desta crônica.

E como assim, descuido voluntário?

Ora, amigos tantos, leitores preciosos, é que sem querer e distraidamente começa a ser feita mais uma das centenas de crônicas semanais, mais de duzentas e setenta só neste site acolhedor. Neste endereço, elas aparecem desde julho de 2007.

Um abraço carinhoso e agradecido ao amigo Alan Dubner, por aceder a uma oferta minha.  Estendo o abraço, respeitosamente, à esposa Deborah e, ainda, na pessoa do  gentleman Murilo, a todos os membros  desta Casa.

A oferta fora a de trazer também para cá, as mesmas crônicas que tradicionalmente figuraram por várias e ininterruptas décadas na folha centenária, “A Federação”.  Lá, marcaram época, porque na parte derradeira de cada edição, apareciam em baixo, sob a denominação de “Última Página”.  Vários anos depois de inaugurado aquele espaço, constatei ter sido influenciado por igual título,  - “Última Página” -  da  extinta revista “O Cruzeiro”, assinada por uma expoente da literatura, Rachel de Queiroz. Eu não era mais que um menino, à época.

Cogitei a princípio de corrigir e alterar esse plágio tão espontâneo quanto não intencional, mas, por repensar que tudo se dera de modo instintivo e até saudosista, configurava-se muito mais como um preito de admiração para com tão ilustre escritora, contista e cronista, tudo a um só tempo.

Este, o muito especial realce que hoje quero consignar, o de estar mantido na mídia e assim integrar um colegiado seleto e continuar a alcançar um público de escol, mediante este vigoroso e vitorioso site. Elo de comunicação hoje, impregnado e indispensável na vida desta comuna.

Após a inserção das crônicas, para cá foram também transferidas as reflexões de cunho espiritual, esta uma missão a mim confiada naquele jornal, (aqui de novo um preito de saudade) por convite pessoal do pároco e amigo, Monsenhor Camilo Ferrarini. O início dessa missão data de abril de 1977. Só me incomoda um pouco porque, embora as redija, eu mesmo na minha pequenez, fico muitas vezes em dúvida se as sigo como deveria. Mas saem do coração. Deus há de entender este seu pobre filho. O pseudônimo ali adotado – João Paulo – inspirou-me o meu primogênito, pois nos idos de 77 jamais  se haveria de supor o advento de um Papa com esse nome.

Já ultrapassado assim mais de meio século nessa labuta do prazeroso conduto que me aproxima dos queridos leitores, semanalmente, entre crônicas e temas religiosos, encontra-se em fase de elaboração, dividido por capítulos circunscritos, um livro que os perpetue. Por ora, num primeiro lançamento, o enfeixe compreenderá apenas a produção relativa a 2013 e 2014.

No todo e ao longo dos anos, esses textos ascendem a mais de duas mil e trezentas publicações, pelo que se cuidará, dentro do tempo e do possível, de aos poucos tudo vir a lume, gradativamente, na forma de vários livros.

Trago em suma para cá, bem próximo do coração, em tom de emocionada gratidão, todas as pessoas que se ocupam de acompanhar aqui as crônicas e as reflexões, a cada sete dias.

Sejam-lhes de fartura e saúde todas as bênçãos de Cristo Jesus, na figura do Deus-menino.

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