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Publicado: Sexta-feira, 12 de abril de 2019

Como ser analógico em uma era digital?

Como ser analógico em uma era digital?

 De um lado uma geração edípica, estruturada verticalmente e do outro lado uma geração pós edípica, estruturada horizontalmente. Vivemos hoje um encontro de gerações bastante diferentes, mas não são apenas as gerações mudando, estão ocorrendo mudanças também nos laços sociais. Os conflitos entre ambas é notório, uma tem dificuldade de compreender a outra, a geração edípica e vertical tem o simbólico sobrepondo o real, já a nova geração o real sobrepõe o simbólico. Mas, na prática como isto se apresenta?

Usarei empresas para exemplificar. Facebook, Google e Netflix são pós modernas e horizontais, seus colaboradores partilham da ética empresarial com liberdade e criatividade formando laços em rede, com participações, há um líder ou donos, mas todos lideram as ideias, as discutem e coletivamente as colocam em prática. No modelo anterior, edípico e vertical, apenas os donos ou um pequeno grupo tinha as ideias, discutiam e davam a ordens para serem postas em prática por aqueles que apenas as executavam, sem precisar pensar ou discutir. Para entender do que estou falando indico o filme Tempos Modernos de Charlie Chaplin. Imaginem os tamanhos dos conflitos quando pessoas verticais precisam trabalhar em empresas horizontais e vice-versa. Agora estendam isso a política, ao casamento, a cultura, as escolas, as instituições, aos sistemas.

Há uma crise de transição acontecendo. Os analógicos e os digitais lutam por espaços que até então eram bem definidos. Na tentativa de explicar o que está acontecendo soluções reducionistas surgem por todos os cantos sem considerar os multifatores que envolvem o sujeito e a sociedade em que está inserido. Desde a obra freudiana, "Psicologia das massas e análise do eu", que a Psicanálise se debruça sobre a problemática, e hoje é óbvio que mudanças ocorrerão, resistir é reacionário. Mas como promover boas relações em meio a tudo isso? 

Promover as diferenças, a singularidade e a criatividade já apontam como possíveis caminhos, diminuindo assim as desigualdades, mas não basta, temos muito mais a produzir, refletir, considerar e implicar, inclinarmos-nos sobre as dificuldades diminuindo as violências humanas e sociais.

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