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Publicado: Quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Cidade Canção

Cidade Canção
Cidade nova, planejada, com não mais de 300 mil habitantes.
 
Eis Maringá.
 
Simpática e aprazível, deveria cuidar-se de não se expandir demais. Situar-se-ia, então, nos moldes das cidades européias, estabilizadas, com o homem do campo radicado no seu reduto. Notam-se, entretanto, ao redor de Maringá, vários novos loteamentos, conquanto não sejam de meio-lote nem de avenidas espremidas. Campinas, por exemplo, como tantos outros municípios brasileiros, pagam tributo alto ao crescimento desordenado.
 
Fique-se com a Maringá de hoje.
 
Belíssima, agradável, ruas largas, calçadas amplas, comércio intenso. Pareceria exagero, não fosse verdade; a praça principal ter uma dimensão próxima de quatro vezes a do nosso Largo da Matriz. Num dos cantos, o prédio de quatro ou cinco andares, imenso, que sedia a prefeitura, com sua frente para a rua XV de Novembro e os fundos para a praça. Construção esmerada, por nenhum de seus quatro lados – por estar isolada – se dirá quais sejam as laterais, fundos ou entrada. Sabe-se da portaria, pela inscrição, no frontispício, na rua XV, de Paço Municipal. Na mesma esquina, do outro lado da rua, outro prédio, com uma placa destacada no passeio, cujos dizeres indicam ter sido aquele edifício adquirido para absorver a futura expansão do Paço Municipal. Quer dizer, ao tempo em que tudo estivera bem acomodado no quase suntuoso próprio do Paço, já se fizera previsão de possíveis necessidades. Surpresa maior, quando, mais alguns passos, noutro canto, se divisa um edifício de linhas modernas e arrojadas, como os demais: biblioteca municipal. Nos seus interiores abriga também o primoroso teatro Calil Haddad e mais uma sala para exposições e mostras.
 
Bem ao meio da praça central, erigiu-se a vetusta Catedral Metropolitana Basílica Menor de Nossa Senhora da Glória. A diocese – hoje arquidiocese – tem mais de 35 anos de fundação. À entrada, à disposição, um bem impresso jornal – Maringá Missão – órgão a serviço da arquidiocese, em cores, de conteúdo denso.
 
Visitada na parte da manhã, domingo, missa das 9:30 e outra vez à noite, missa das 19:30, só nessa segunda oportunidade notou-se que, guardadas as proporções, tinha a mesma concepção arquitetônica da capela do querido Conventinho de Itu, o de Nossa Senhora das Mercês. A catedral, evidentemente maior, acomodaria em cálculo por alto e feito na hora, cerca de 700 pessoas sentadas, a levarem-se em conta amplos espaços entre as fileiras dos bancos. Mil e duzentas pessoas caberiam nela, sem aperto, crê-se. Interessante concluir-se, enfim, pelo fato de que a capela e a catedral, em tese, teriam inspirado uma à outra ou, se de projetos isolados, ambos com fundamento numa terceira obra, anterior, mas comum. Algo como se a capela fosse uma perfeita miniatura da basílica. O registro fica feito mais pelo aspecto de uma interessante curiosidade.
 
Chamou a atenção a postura de todos no altar, celebrante e ministros. Estes, impecavelmente vestidos, de paletó branco, três botões, tão iguais a ponto de autorizar a presunção de terem sido talhados por um mesmo alfaiate. Camisa azul, gravata e calça pretas, como igualmente pretos os sapatos de todos eles. As mulheres, de um jaleco semelhante ao usado aqui, saias e calçados pretos. Elegantíssimos, ministros e ministras. Sempre se entendeu mais apropriado aos ministros o uso de paletó e gravata ao invés de alvas ou túnicas, leigos que são.
Maringá tem ainda como atração o maior templo budista do Brasil. Isolado, num terreno amplo, tem por todos os lados construções que indicam serviços de assistência social, inclusive de casa para idosos. Mas no domingo à tarde, tudo estava fechado. Sabido, como ocorre com Londrina, que a cidade tem um contingente expressivo de descendência japonesa, imigrantes que agora comemoram cem anos de sua chegada ao Brasil.
 
Haveria mais aspectos a serem tratados, sobre a Cidade Canção. Serviço de transporte perfeito, a rodoviária enorme, limpa e funcional, ruas todas arborizadas. Numa outra ocasião, quiçá.Certamente ninguém se queixaria de ali morar e viver.
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