Colunistas

Publicado: Terça-feira, 16 de setembro de 2014

Capivari

Já esteve você, como na praxe de tempos outros, ajoelhado perante o sacerdote, para as confissões periódicas? Tudo diferente agora, cara a cara, obsoletos os confessionários, mera decoração nas igrejas.

Costumava-se ir ao sacramento da Penitência, no geral, uma vez por mês. Tudo decorrente do sadio preceito da Comunhão mensal das associações religiosas. Os congregados marianos, Irmandade do Santíssimo, Filhas de Maria, a Cruzada Eucarística dos pequeninos e outras mais.

Pois é com esse espírito compungido, que compareço, descuidado antes mas agora penitente, por assumir o ter-me desapegado quase completamente da cidade natal, ali, tão próxima, Capivari.

Quer me parecer – digo-o pela similtude, sem nenhuma certeza e mais pelas impressões, - que Capivari, como Itu, evoluiu somente dentro de um princípio vegetativo e muito pouco em termos de um desenvolvimento propriamente dito. Tradicionais, ambas.

De todo modo, quase o caçula de dez irmãos, minha família se bandeou para Itu, eu com apenas dois anos de idade.

Mesmo assim e em verdade, Capivari me entra na alma, quando em recordações de minha infância, a determinada Dona Antonia, mãe zelosa, rodeada dos mais novos, para lá se dirigia em passeios fortuitos. A mais deliciosa das folias, embarcar nos trens da Sorocabana, baldeação em Itaici, num percurso total de cerca de três demoradas horas. Dessa época me lembro bem. Da mesma forma como, periodicamente, havia semanas inteiras de gostosa vigília na casa de minha irmã mais velha, ela hoje viúva e quase nonagenária, a única da família a permanecer por lá, acompanhada de filhos e netos.

Com todo o respeito de minha crença religiosa e pessoal, à moda de um ato de contrição para ser absolvido, digo-me de novo a confessar esse descuido de não ter curtido convenientemente a cidade natal.

De expansão como que lenta,  pressa nenhuma, interiorana por excelência, certa feita me fiz assim mesmo embaraçar por bairros novos, ao procurar retornar ao centro.

Com toda a singeleza e sinceridade deste reparo, quero enfim reafirmar que me honro e muito de ser capivariano.

Na longa prática de cronista assíduo e semanal, com quase dois mil e quinhentos temas publicados na mídia ituana, comentei dezenas de cidades deste Brasil querido, visitadas por mim e quase não foquei convenientemente a terra de Amadeu Amaral.

Isso tudo, além da circunstância de que papai, - Luiz de Campos Filho, - jornalista de escol, ter editado lá na década de trinta diversos jornais em gráfica de sua propriedade, trazida essa oficina para Itu em princípios dos anos quarenta e instalada no majestoso sobrado da rua Barão do Itaim, demolido, a ceder lugar à hoje Casa do Barão.

Salve Capivari.

 

Comentários