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Publicado: Terça-feira, 15 de junho de 2010

Brasil - campeão no consumo de agrotóxicos

Brasil - campeão no consumo de agrotóxicos
O veneno que chega á nossa mesa, envenena primeiro

Ser campeão é quase sempre motivo para comemoração, porém, ao participar de uma audiência pública na semana passada, um de nossos títulos de campeão desagradou a todos os presentes.

É bom ser campeão em futebol, basquete, natação, ping-pong ou qualquer outro esporte, porém, estou falando em campeão mundial no consumo de agrotóxicos.

Somos campeões! Mais de um bilhão de litros, segundo o Sindicato da Indústria de Produtos para a Defesa Agrícola foram despejados nas lavouras por todo o país no ano passado.

Nós temos uma área cultivável menor, por exemplo, que a dos Estados Unidos, porém usamos muito mais venenos que eles.

Não bastasse essa posição no pódio, ainda, para piorar, há o fato de que usamos agrotóxicos de altíssima toxidade que já foram banidos, inclusive nos países em que são produzidos.

Os dados apresentados são alarmantes. Temos uma área de cinco milhões de hectares de cultivo de cana-de-açúcar onde um dos agrotóxicos mais aplicados é proibido em muitos países e tem alto potencial de contaminação das águas superficiais e subterrâneas.

No Brasil, as estatísticas deixam a desejar, mas há inúmeros relatos de morte de agricultores por intoxicação, de contaminação de corpos d’água e muitas outras situações que nos preocupam seja pela falta de uma regulamentação adequada ou pela falta de fiscalização. Ficam os agricultores e todos nós, consumidores de alimentos, reféns da ausência do Estado.

Há, porém, que se considerar a necessidade de repensar o modelo de produção agrícola, dependente do uso crescente de agrotóxicos ao sabor dos interesses das grandes corporações produtoras dos venenos, das sementes, principalmente de origem transgênica e do agronegócio.

Há, felizmente, um avanço significativo de métodos na produção de alimentos, especialmente, os utilizados pela agricultura orgânica. O aumento da demanda tem gerado produtos que, embora caros, se comparados com os produtos tradicionais, vêm tendo uma queda de preço e um aumento comemorável de oferta.

Sim, é necessária uma legislação regulamentadora da venda, da aplicação, do manejo dos resíduos e uma fiscalização condizente, porém é de fundamental importância que se invista em modelos alternativos, saudáveis para o ambiente, para o agricultor e para o consumidor.

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