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Publicado: Segunda-feira, 30 de maio de 2005

Atenção, senhores: Namorar não é pecado, nem crime!

Eu namoro, tu namoras, eles namoram.
Namorar não é pecado!
Nós todos namoramos um dia. No jardim, na praça, nos portões, nas ruas, nas praias, nos sofás, junto com a família, junto com os amigos, e também nos carros.
Quem namora demonstra afeição e precisa ser respeitado. Quem me lê, agora, achará muito estranho se souber que no momento em que escrevo são 3:50h de uma madrugada fria de sábado.
Por um desses motivos do nosso dia-a-dia, voltei tarde para casa. Passando por uma praça de nossa cidade, que poderia ser de qualquer outra cidade, deparei com um casal namorando tranqüilamente em seu carro, ou somente colocando os assuntos em dia, não sei, quando foi interrompido por policiais com luzes, faróis e quetais....
Tem cabimento?
Não tem!
Alguém que cometa delitos não vai ficar namorando em um lugar claro, dentro de um carro em uma praça pública.
Poderão dizer: Ah! Mas eles estavam em atitude suspeita de atentado ao pudor ( o que não estavam ).
E pergunto eu: O que dá autorização, a quem quer que seja, para abordar um casal de namorados e obriga-los a descer do carro?
Nada e ninguém!, a não ser a curiosidade e a postura autoritária.
O direito de ir e vir, de parar, andar, estacionar, conversar, é sagrado!
Será que isso é novidade?
Será que foi instituído o toque de recolher no Brasil e não fomos avisados?
É perfeitamente possível a distinção entre o certo e o errado. Ocorre que neste nosso Brasil, de 500 anos, o respeito à liberdade alheia é algo ainda no começo, que está engatinhando.
A arrogância ainda é o que prevalece.
Sou solidário a todos os casais de namorados, de amigos, e outros. Devem conversar (este nosso mundo, tão pequeno, está tão ausente das conversas ), devem passear, andar nas madrugadas, nas manhãs, nas tardes, curtir a poesia da vida.
Bem, dirão, mas é perigoso.
É perigoso!
E o que não o é, heim?
Também é perigoso retirar dinheiro no banco 24 horas; também é perigoso abrir a porta a desconhecidos; também é perigoso fazer compras.
Devemos, então, parar de viver?
Será que a nossa força policial não foi constituída com outros objetivos?
O que estou defendendo aqui é o direito sagrado de escolha. Cada um decide onde quer namorar, onde quer passear, e a que horas. Claro que o espaço de cada pessoa termina onde começa o da outra...
Exatamente por ser perigoso é que nós, como Sociedade, constituímos as forças de Segurança, para que nos protejam, não para que nos cerceiem
Existem outros lugares e outras pessoas para se solicitar identificação.
Eu namoro, tu namoras, eles namoram.
Deus proteja aos namorados e a qualquer demonstração de afeto, de amor de carinho.
Àqueles que não amam e só conhecem o poder da força bruta, onde quer que estejam, só posso desejar que um dia sejam felizes e que Deus, em sua bondade infinita, os abençoe também e os ensine a conjugar os verbos namorar, respeitar e amar ( principalmente ao próximo! ).
Este artigo foi escrito há muitos anos, mas o estou complementando e publicando novamente por notar que, agora, alem da Polícia Militar temos também a Polícia da Cidade que se acha no direito de interferir na liberdade dos moradores de nossa cidade, direito este que não têm.
Todos são muito úteis à comunidade, os respeito e louvo, mas cada um no seu espaço.

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