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Publicado: Domingo, 2 de fevereiro de 2014

Armazém Popular saltense: E agora, onde é que tem?

Crédito: Jornal Taperá Armazém Popular saltense: E agora, onde é que tem?

Para quem não estava nas proximidades, um apagão geral sinalizou que algo muito grave havia ocorrido na cidade, na noite de 31 de janeiro.  

Um incêndio de grandes proporções atingiu o Armazém Popular de Salto/SP - um prédio histórico centenário onde funcionava um comércio peculiar e à moda antiga, na região central.

Em suas altas prateleiras de pinho-de-riga, típicas dos comércio das primeiras décadas do século XX, havia mais de dez mil itens. O fogo começou por volta das 21h, e o prédio já se encontrava vazio. Tudo foi destruído pelas chamas.

O teto, feito com telhas de barro e com armação de madeira desabou e a estrutura das paredes ficou comprometida, devendo ser derrubadas, segundo os bombeiros.

Maior que os danos materiais foram os imateriais. Parte da história da cidade estava inscrita naquele prédio, que já abrigara o Grande Bazar Saltense, desde 1908.

Naquela época, era seu proprietário Nhozinho Estevo, como era chamado Estevão de Almeida Campos, que o manteve até 1926, quando o vendeu para Hilário Ferrari.

O estabelecimento fazia jus ao nome de Grande Bazar. Artesanatos, produtos de limpeza, louças, camas de ferro, porcelanas, conservas, secos e molhados, ferramentas para lavoura, cimento, querosene, utensílios de alumínio, tinta e muitos outros eram encontrados. Na década de 1930, até gasolina da marca Energina era vendida ali.

Em 1946, o Grande Bazar retornou às mãos da família Almeida Campos, com o nome de Miranda Campos & Cia. Dez anos depois, foi readquirido por Roberto Ferrari, que se manteve à sua frente até 1969, sob a razão social de Armazém Popular.  A partir de então, passou para as mãos de seu filho Roberto Vladimir, o Bertinho Ferrari, que desde os 13 anos de idade trabalhava com o pai.

O Armazém Popular manteve viva a tradição original de anotar as compras em cadernetas, para acerto no final do mês, além da grande variedade de produtos, tais como os calçados Conga, Bamba e Kichute, fumo-de-corda, cachimbo de barro, isqueiro a gasolina, estilingue, lampião a querosene e palha para cigarro. Além deles, queijos, telas para galinheiro, doces, produtos de limpeza, cigarros e o que mais se possa imaginar.

Devido a sua importância histórica, sua memória foi preservada em documentários realizados nos primeiros anos do século XXI, e nas fotos antigas arquivadas no museu da cidade.

A existência de artigos dificilmente encontrados em outro lugar, levou a população saltense a criar o bordão “No Bertinho tem”.

E agora, perguntarão: Onde é que tem? 

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