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Publicado: Quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Àquele que tem lhe será dado ... (Mt 25, 14-30)

Quando lí, ainda criança, essa parábola no evangelho, fiquei completamente chocado com seu desfecho. Passei (muitos) anos sem entender como Jesus podia ser tão cruel. Só muito mais tarde, com a experiência da vida, vim a entender que não é uma questão de crueldadade ou bondade, mas que se trata de um fato básico da vida.

 

Vou citar aqui a passagem bíblica na íntegra, para aqueles que, pelo seu ambiente social e familiar, não tiveram contato com o evangelho e também para aqueles que, mesmo papa-hóstias de carteirinha, nunca se deram ao trabalho de lê-lo em casa:

 

"Porque (o reino dos céus) é assim como um homem que, ausentando-se do país, chamou os seus servos e lhes entregou os seus bens: a um deu cinco talentos*, a outro dois, e a outro um, a cada um segundo a sua capacidade; e seguiu viagem.

 O que recebera cinco talentos foi imediatamente negociar com eles, e ganhou outros cinco;

 da mesma sorte, o que recebera dois ganhou outros dois;  mas o que recebera um foi e cavou na terra e escondeu o dinheiro do seu senhor.

 Ora, depois de muito tempo veio o senhor daqueles servos, e fez as contas com eles.  Então chegando o que recebera cinco talentos, apresentou-lhe outros cinco talentos, dizendo: Senhor, entregaste-me cinco talentos; eis aqui outros cinco que ganhei.

 Disse-lhe o seu senhor: Muito bem, servo bom e fiel; sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor.

 Chegando também o que recebera dois talentos, disse: Senhor, entregaste-me dois talentos; eis aqui outros dois que ganhei.

 Disse-lhe o seu senhor: Muito bem, servo bom e fiel; sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor.

 Chegando por fim o que recebera um talento, disse: Senhor, eu te conhecia, que és um homem duro, que ceifas onde não semeaste, e recolhes onde não joeiraste;

 e, atemorizado, fui esconder na terra o teu talento; eis aqui tens o que é teu.

 Ao que lhe respondeu o seu senhor:

 Servo mau e preguiçoso, sabias que ceifo onde não semeei, e recolho onde não joeirei?  Devias então entregar o meu dinheiro aos banqueiros e, vindo eu, tê-lo-ia recebido com juros.  Tirai-lhe, pois, o talento e dai ao que tem os dez talentos.  Porque àquele que tem lhe será dado, e terá em abundância; mas ao que não tem, até aquilo que tem ser-lhe-á tirado.  E lançai o servo inútil nas trevas exteriores; ali haverá choro e ranger de dentes."  (Mateus  25, 14-30)

 

O conhecimento cresce de maneira exponencial. Apesar da palavra ("exponencial") meio esotérica para aqueles não familiarizados com a matemática, o significado disso é muito simples: quanto mais uma pessoa conhece, mais fácil é aprender coisas que ainda não conhece. Quanto mais conhecimento e mais curiosidade se tem, mais conhecimento se ganha. "Àquele que tem lhe será dado".

 

Por outro lado, quando a pessoa fica marcando passo na vida e não se aperfeiçoa nunca, não busca mais conhecimento, mais compreensão, quando se contenta com o pouco (às vezes pouquíssimo) que tem, fica cada vez  mais difícil para essa pessoa adquirir conhecimento quando dele precisar. Seus neurônios estarão "preguiçosos", seu vocabulário não será suficiente para entender o que lê nos jornais, nos livros ou o que ouve na TV. A falta de prática em usar o pensamento o deixa lento. A falta de uso dos conhecimentos um dia adquiridos faz com que eles fiquem “enterrados” no fundo, quase inacessíveis, como que perdidos ... e já eram poucos, " mas ao que não tem, até aquilo que tem ser-lhe-á tirado ".

 

De certa forma, isso é análogo ao uso de ferrament

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