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Publicado: Sábado, 6 de dezembro de 2008

Amanhã, Talvez, Se Der...

 

Muito comum que se diga que no ano que vem, lá por abril, ou seja lá que mês for, aquele armário vai ser posto em ordem, que algum dia a gente vai à Aparecida ou Pirapora, que em breve o terreno será comprado, que se cuidará de visitar algum parente ou alguém enfermo...
 
Planos, idéias, projetos, mas tudo para um dia, amanhã, talvez, se der.
 
Encontra-se num livro excelente uma definição para essa mania ou essa ilusão, para dizer melhor. O fato de que tudo aí, nessas situações, é apenas ilusório e indefinido e que se pode, portanto concluir que esse tempo não existe. Do muito que se esperar uma ou outra pretensão, talvez, quem sabe, poderá dar certo. Portanto, esse tempo é apenas imaginário, porque realmente não existe.
 
Ruim, portanto viver dessa ficção.
 
Dois casais amigos, ao ver na televisão, há doze anos atrás, o Carnaval do Rio, combinaram de que no ano seguinte estariam lá. Estudaram tudo na hora. Nunca foram. Para eles, quando se encontram, essa idéia é lembrada como gozação ou piada. Caçoam de si próprios.
 
Outro casal, entanto, programara que, nas suas bodas de prata, viajaria às capitais do Nordeste que ainda não conheciam. Aos 24 anos de casados, o marido ponderou: por que não irmos já, pois havia naquele momento toda disponibilidade. Assim fizeram. Ano seguinte, aos 25 anos de casamento, nada de grave lhes havia acontecido, mas, se quisessem viajar, já não seria possível.
 
Quer-se dizer com tudo isso da necessidade de viver o palpável, o existente, o presente.
 
Vai ser bem mais expressiva, pois, a transcrição referida ali atrás, de trechos de um livro intitulado “Vivendo com Propósitos” de um pastor cristão, teólogo renomado, festejado palestrante, Ed René Kivitz. Os trechos são soltos, pegos dentro de um dos capítulos. Os destaques em negrito, são da coluna.
 
Diz ele:
 
“ ... Caso você tenha esquecido, estamos diante do desafio de dar significado e sentido à vida. ... Em sínese, administrar o estado de espírito, momento após momento, para viver plenamente aqui e agora é, ao mesmo tempo, o ônus e o privilégio do direito e dádiva da vida. Quando eu emagrecer ou depois que nosso filho nascer, assim que eu terminar o mestrado, quando as crianças estiverem um pouquinho maiores ou tão logo a gente termine de pagar o apartamento correspondem a um tempo que não existe, realidade hipotética, futuro eventual, passível inclusive de jamais se realizar. ... Fora disso você estará vivendo no mundo do “se – então”. Esse mundo não existe e, portanto, você não o está vivendo. ... “
 
Essas premissas e promessas para o depois, além de tudo, assumem o mal disfarçado caráter de protelar alguma coisa que no fundo nem se pretende mesmo realizar. Usam-se como desculpas.
 
Verdadeira fuga.
 
Portanto, se algum conselho pudesse ser deixado, - e conselho é de graça – seria o de viver o homem o momento atual, o presente, e viver dentro da realidade. Não se confunda agora a prática saudável de ser previdente e precavido, para o futuro, justamente pela incerteza e pelo imponderável que o caracterizam. Isso é outro aspecto.
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