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Publicado: Sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Amanhã será ontem

Hoje, o amanhã de ontem.

Amanhã, o ontem de hoje.

Ontem, o hoje de outro amanhã.

Para muitos, uma repetição modorrenta da mesmice diária.

Deveras enfadonha e rotineira vida dos trabalhadores, principalmente em grandes cidades, que desembarcam nos terminais, oriundos da periferia.

Fechados, semblante inexpressivo ou afundado em si. Vida amorfa.

Esta a impressão ao ver tanta gente humilde em desordenada correria.

Seja tema também, mera pincelada, a observação dos usuários do metrô, nas zonas centrais, com trajetos ou mais curtos ou pelo menos mais ligeiros. Aparência menos sombria e até bem vestidos, alguns.

A rigor, apresentam quase a mesma imagem, aquela do grupo dos mais modestos. Não conseguem propriamente esconder os efeitos causados por uma rotina assaz batida e repisada. Não chegam a uma descontração. Imersos em si também.

Admita-se que sofram muito menos do que os chegados dos arredores da urbe, eis que o percurso de casa ao emprego é bem mais curto, como se falou acima.

Provavelmente, ao menos no final do dia, tenham ânimo de um papo e troca de ideias com os familiares. As crianças particularmente poderão desfrutar de um pouco do colo da mamãe e do papai.

Mesmo que seja quando eles sentam-se no sofá, para ver, até meio sonolentos, como se desdobrou o capítulo da novela de ontem, do suspense final ao deslumbramento da noite seguinte, um recurso maroto usado e abusado pela televisão, a cutucar a curiosidade dos aficionados.

Final de semana, aí sim podem ocorrer algum relax e certamente passeios, na cidade grande ou em localidades próximas, entretenimentos de um dia.

Ainda assim, - característica das metrópoles e afinal de todos os vinculados ao trabalho – senhores e senhoras, jovens e adultos, continuam de certo modo ligados e atentos, porque a essa altura a segunda-feira já bate à porta.

Dolorosa rotina, massificadora.

 

 

 

 

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