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Publicado: Sábado, 18 de agosto de 2012

Alma e coração

“De gustibus et colloribus non disputantur”.

Não se há, pois, de discutir sobre preferências que digam respeito aos gostos e sabores, como também não, sobre cores e nuances. Algo que se preconizava desde a antiguidade.

Cá, nos tempos de hoje, se escuta dizer comumente e no mesmo sentido, que sobre futebol e religião não se admite discussão.

Mas, ainda com respaldo nos antepassados (“Tot homines quot sententiae”) dá-se como verdade aceita que tantas serão as opiniões quantos sejam os homens.

Expostas tais premissas, envereda o tema pelos imprevistos do futebol, opinião da coluna, apesar dos milhões de técnicos desse esporte no Brasil e no mundo.

Discorda-se assim, de saída, de que o primeiro gol do México frente ao Brasil tenha acontecido aos trinta segundos de jogo. Não foi não.

Os mexicanos lavraram um tento significativo, já momentos antes da partida, ainda na solenidade de abertura: mais de oitenta e seis mil espectadores, aqueles ao vivo e milhões de outros mundo afora, viram os atletas do México entoarem com entusiasmo e vibração o hino de seu país. Nessa hora, adiantarem-se sobremodo em vantagens sobre seus adversários. A notória e superior expressão deles de apego ao futebol conjugado com o respeito e amor à sua terras, já os terá plenificado a cada um e coletivamente com entusiasmo e sensata confiança.

O hino nacional brasileiro, que por sinal antecedeu ao do México, não motivou nenhum jovem jogador daqui a sequer mostrar pelo menos um balbucio. Se de boca aberta, boca fechada ou também entreaberta, nenhum som delas saiu. Lábios imobilizados. Isto foi visível e amplamente constatado no perpassar da câmara pelo rosto dos meninos, tal como aconteceria minutos depois com relação aos mexicanos, não mudos porém.

Para frustrar ainda mais as esperanças, surgiu um árbitro bem atrapalhado. Não se pode atribuir facciosismo ao juiz, o reticente cidadão Mark Kattenburg, mas que prejudicou a gente ninguém há de negar. Não ao ponto de inverter o placar, mas quanto a desestabilizar os meninos do Brasil.

Detalhe: houve um autêntico peralta no espetáculo, apenas com a diferença de assim o ser tanto nas diabruras como em seu nome próprio, Peralta. Camisa 10.

No dia anterior, comentaristas do ramo tinham recomendado ao técnico sr. Mano Menezes uma particular atenção nesse jogador, eminentemente oportunista e afeito a inesperadas deslocações em campo.

Este relato é escrito na terça feira, 14, antes portanto do embate frente à Suécia. Uma comemoração à histórica conquista da Primeira Copa do Mundo pelo Brasil – 1958 – nela será usado o uniforme idêntico ao daquela data, a camiseta simples, da cor azul e sem mais adereços. Ao vestir dessa camisa, tenha ela o condão de inspirar e transmitir aos jogadores modernos aquele espírito de luta da equipe que levou o Brasil à vitória. Naqueles idos, jogador nem precisava ficar milionário. Punham todos a alma e o coração nos seus feitos. A equipe olímpica poderá então estar acr3escida de quatro outros titulares do time pátrio, em convocação especial e complementar.

Qual a lição, em  suma?

O futebol, infelizmente, se transmudou muito além de esporte empolgante para um mundo de negócios. Que o seja também, que nada se faz sem dinheiro e sem retribuição salarial. Daqui para o futuro, entanto, que seja exija dos esportistas em geral – os do futebol especialmente – que por primeiro aprendam o hino nacional para somente depois se habilitarem a assinar contratos, nem que sejam contratos milionários.

Este desapontamento de ver sempre os brasileiros frios e mudos durante o hino, se contrapõe à atitude habitual da imensa maioria das equipes de outros países.

Outrora havia mais alma e coração no desempenho dos profissionais da bola.

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