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Publicado: Quarta-feira, 19 de maio de 2010

Ainda hoje...

“Sem Deus o homem não sabe para onde ir, e não consegue sequer compreender quem seja.” (Caritas in Veritate, 78).

Jesus foi a grande vítima da história humana. Vítima do orgulho, do fanatismo e dos apegos aos poderes econômicos, sociais, políticos e religiosos.

Mataram Jesus de medo. Medo de sua força, seu poder; uma força e um poder diferentes: nem econômico, nem social, nem político, mas um poder concentrado na capacidade de servir, de se entregar ao outro e no lugar do outro... Força do amor!

Esse poder era impossível de combater – como ainda é hoje.

Tentaram de tudo, até a morte, mas fracassaram... Acostumados às vitórias sobre o físico, viram o poder bruto se esvaziar diante do Divino, do sobrenatural.

A história mostra que, apesar da Vontade de Deus, o paraíso terrestre ainda não passa de utopia, de sonho. Jesus Cristo mantém sua popularidade e estima junto aos “pobres”, mas continua irritando as mesmas lideranças que se sucedem.

Os poderes dominantes são os mesmos: a política, a fama, o dinheiro, o orgulho, as vaidades ... As vítimas também continuam... Não mais o Cristo, mas aqueles que o seguem, que o têm ao seu lado, os seus amigos e que, por isso, se tornam igualmente perigosos.

Jesus continua sendo uma ameaça com seu exemplo, sua Palavra, seu Evangelho, sua Igreja. O mesmo Cristo, fiel à Vontade do Pai, que não se rende aos dominadores.

Por isso, o mesmo medo de sempre assombra os poderosos. Reagem ao seu modo. Continuam se iludindo com as aparentes vitórias, mas o Amor foi e sempre será o grande vencedor. Os sofrimentos, a dor e a morte física, sem dúvida doem e muito, machucam e muito, mas não são a última palavra sobre a vida que, sendo de Deus, é eterna.

O homem ainda gatinha em sua história. O tempo de Deus não está vinculado ao tempo dos homens. Deus não desiste... A fé e a esperança dos Homens de Boa Vontade também não. O mundo está cheio deles, os santos vivos de hoje, que fazem do Evangelho seu guia, do Amor sua grande arma e do Bem seu objetivo maior. Novos Cristos continuam entregando suas vidas à construção do Reino. Missionários, voluntários nas inúmeras casas de apoio à dignidade e à vida humana diminuem um pouco da dor e do sofrimento, frutos da injustiça social, da falta de solidariedade, de fraternidade.

Cristo continua nu, com fome, com sede, prisioneiro, escravo, explorado...

Entretanto, não podemos imaginar que o sangue derramado por Cristo tenha sido em vão. Deus tem seus caminhos, nem sempre alcançados pela compreensão humana. Não desiste de seus planos para com o homem, obra-prima da criação. A prova disso é a Igreja que atravessa os tempos e caminha viva entre nós; santa e pecadora, consegue levar adiante sua missão evangélica, sacramental e celebrativa. Continua sendo nossa melhor companheira, um meio eficaz de caminhar com Cristo, de estarmos ligados a Deus e ao próximo.

Não podemos esquecer que nós somos a Igreja e Jesus conta conosco.

Quem sabe se nos empenharmos, como Ele, na libertação do ser humano, conseguiremos abreviar a vinda dos tempos messiânicos... Mãos à obra!

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