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Publicado: Quinta-feira, 10 de março de 2011

Adoce a vida

“  Invente menos problemas... “

“ Abrace mais amigos... “

“ Diga menos não... “

“ Beije mais... “

“ Ria mais de si mesmo... “

Isso mesmo. Eu sei. Você já se lembrou de ter visto essas frases..

Acertou.

Comumente em cafés, restaurantes e lanchonetes, numa feliz ideia da Cia. União, tais mensagens se encontram inscritas nos minúsculos e práticos envelopes individuais de açúcar. Colhi algumas, aleatoriamente, entre as disponíveis. Podem existir outras.

Sugestões absolutamente simples, das quais as pessoas se descuram e que, realmente, viriam de fato “adoçar” muitos momentos da vida, que se esvai numa tresloucada correria.

Nesta semana, na Floriano, a regurgitar de transeúntes pelas estreitas calçadas, defronte ao Banco do Brasil, cruzei com alguém de amizade antiga e a quem pouco tenho visto ultimamente. Até, de certo modo, moramos perto... Só não sei se era ela ou eu que tinha mais pressa... Ah, os bancos iam fechar... Talvez tenha sido por isso... De qualquer modo, não paramos e dela e de mim só se desprendeu a mais concisa das saudações, um “oi” meio assustado até, pelo imprevisto do encontro. Algo como se lá no fundo da mente, ocupadíssima de preocupações e encargos, ambos disséssemos inconscientemente... faz tempo. Um meio de desviar a provável sensação de culpa por tanta desatenção...

Daí que aflora de máximo proveito parar um pouco. Nossa, quanto já não se comentou neste espaço sobre o absurdo de se permitirem todos serem envolvidos pelo frenesi imposto pelos hábitos modernos...

Invente menos problemas.

Pelo menos, dê a cada um deles sua adequada dimensão, sem fazer de questões de somenos um cavalo de batalha. Já será uma boa pedida. Muito menos ainda não perca mais tempo à procura de culpados por problemas acontecidos por erro exclusivamente seu.

Abrace mais amigos.

Os amplexos agora são meramente sociais. Ainda se encontram aqueles que no aperto de mão muito mal resvalam na pele, usando-se para tal quase que somente a ponta dos dedos. Dê sentido à expressão, a que se nomina de “aperto de mão”. E segure-a por mais tempo. Se assim fizer, pela satisfação mútua, chega-se ao abraço. Raramente pessoas se abraçam efusivamente... Que pena. Sobretudo, até no ambiente familiar, aos poucos, os abraços começam a rarear...

Diga menos não.

Safar-se de qualquer compromisso dizendo-se simplesmente não, com desculpas esfarrapadas... ah, não faça mais isso. Há os instantes em que o “não” é compreensivelmente necessário. Entretanto, conceda um pouco mais de seu tempo ao próximo. Com critério e cuidado, mas envolva-se mais. Seja útil.

Beije mais.

Lembram-se do famoso “beijoqueiro”, que se gloriava de ter beijado as mais circunspectas e respeitáveis autoridades? Não é desse modo que se recomenda maior intensidade e mais quantidade nos beijos. Beijos, os há de mil e uma maneiras. Fala-se do beijo respeitoso na face, indicador de carinho. Nunca vou esquecer, numa movimentada esquina de Buenos Aires, grupo de rapazes em que, à chegada de cada um na roda, ia a beijar um a um dos presentes. Nada se perde de masculinidade com tal prática, lá usual.

Tampouco se omita de comentar também os beijos decorrentes de uma situação de amor entre cônjuges, noivos ou namorados. A propósito, entre os casados, mesmo os de idade provecta, como andariam eles nesse particular? De repente são semanas e meses, anos quiçá, que marido e mulher não se beijam...

Abominam-se contudo, nem seria preciso dizer, os beijos voluptuosos expostos na mídia, sob o inócuo efeito daqueles avisos de impropriedade a menores de 14 anos...

Ria mais de si mesmo.

Fale-se a verdade. Quantas e quantas vezes não nos vemos todos nós em meio a situações ridículas ou descuidos, que nos fariam corar de vergonha, se presenciados por terceiros. Pois agora se nos permita rir, ainda que a sós, de tantas bobeiras perpetradas.

Esse riso, entanto, não seja aquele de deboche. Fala-se da conveniência de simplesmente relegar ao passado, que não mais voltem, possíveis e prováveis instantes de gafes cometidas. Rir, sim, inclusive, de erros comesinhos, perpetrados ao impulso do momento.

A vida é bela e muito de sua beleza, vem também de ser também doce.

Parabéns açúcar União!

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