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Publicado: Segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

Aborto, não!

Aborto, não!
Escultura de Maria Martins

No saguão, uma repórter perguntou quem matara Jandira. Ele foi rápido: "Ela mesma, que escolheu fazer isso aí... Depois o Estado, que não conscientiza essas mulheres assassinas de inocentes". Enquanto sua opinião ia ao ar no telejornal da noite, ele chegava em sua casa. Acordou no meio da noite, sem sono, e foi caminhar no quarteirão. Um de seus eleitores fanáticos há meses montava vigia na esquina, e se deleitava até com sua silhueta indo da sala para o banheiro. Agora, com o ídolo se aproximando, o rapaz perdeu a linha e gritou: "mito!". Ele sorriu e estufou o peito. O abraço, frio de sua parte, queimava às chamas no peito do admirador, que o apertou mais e mais, depois mordeu seu pescoço, lambeu sua orelha e caíram juntos na grama. Impotente, o deputado não alcançou sua arma. Extasiado, o jovem alcançou a sua própria arma e a penetrou no congressista, descontrolado. Dias depois, descendo da tribuna, o parlamentar ficou enjoado. Meses antes do pleito, confirmou: estava mesmo grávido.

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