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Publicado: Sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

A Vida na Vitrine

Crédito: APCRC A Vida na Vitrine

Causa grande estranhamento assistir como a vida humana se transformou numa peça de exibição em vitrines sociais. Sites de relacionamento, redes sociais no geral, a vida está exposta e cada vez mais sem valor intrínseco.

 

A facilidade com que se descarta sentimentos, pessoas, laços, é vulgarmente acalentada por uma sociedade cada vez mais composta de membros egocentrados, com um senso distorcido de individualidade.

 

Chega-se ao final de mais um ano e o que vamos comemorar? A guerra civil instaurada em nossas vidas? Presos dentro de fortalezas, abastecidos com o medo, ou a certeza, de sair de casa e talvez nunca mais voltar. Fora toda a angústia e receios realmente acalentados nos dias de hoje acerca da violência vívida presente em nossas relações sociais, tem também o enclausuramento dentro de nós mesmos, construindo verdadeiros muros rígidos que separam a possibilidade de afetos compartilhados.

 

Ninguém mais entende a individualidade como a característica de singularidade de cada um, seus aspectos únicos, e sim como a autorização para se preocupar apenas com seus próprios interesses. Uma busca insana apenas por prazer particularizado, não interessando mais a realidade que nos cerca e as suas relações necessárias.

 

Onde fica a responsabilidade social? A responsabilidade que todos temos na forma como agimos no mundo e nos relacionamos? Até que momento a existência de cada um tem o direito de destruir a existência do outro?

 

O entendimento de que cada ser humano é único não deve ser confundido com a, no mínimo, arrogante ideia de que nossas necessidades particulares têm mais valor que as necessidades de outras pessoas. Não estamos sozinhos nesse planeta, nessa sociedade e nesse tempo histórico. Faz-se necessário encontrar meios, caminhos, para que sigamos em frente sem passar por cima do direito à uma existência plena e da partilha essencial para o florescimento da vida em sociedade.  

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