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Publicado: Quarta-feira, 20 de abril de 2005

A Morte: uma ilusão

“Vou te encontrar/Vestida de cetim/Pois em qualquer lugar/Esperas só por mim/ E no teu beijo provar o gosto estranho/Que eu quero e não desejo/Mas tenho que encontrar/Vem, mas demore a chegar!/Eu te detesto e amo: Morte, Morte, Morte que talvez seja o segredo desta vida!”

Semana passada completou dois anos que meu pai Vicente entrou para a vida eterna. Desde então, nesse dia, não há como eu deixar de gastar algumas horas em reflexões sobre o mistério da morte. É inevitável. Principalmente por saber que um dia também irei me encontrar com ela.

Nesse mundo presente a morte é uma realidade. Tudo o que sobe, desce. Tudo o que nasce, morre. Os pessimistas dizem que o homem morre um pouco por dia, pois cada segundo que passa nos leva ao encontro dela. Não deixa de ser uma verdade, se bem que nunca saberemos a hora de nosso encontro com a dama vestida de negro tendo a enorme foice em suas mãos.

Para os batizados, os que acreditam nas promessas de Jesus sobre a vida eterna, a morte é apenas uma ilusão. Não é algo definitivo, mas só uma transição de um plano imperfeito para outro perfeito. Apesar de sofrer e chorar a morte de parentes e pessoas queridas, não consigo entregar-me ao desespero. Está arraigada no meu coração a convicção de que a vida não acaba aqui, mas tem uma bela continuidade na eternidade.

Os encontros com a morte são difíceis. Somos criados para o amor e a alegria, sentimentos que devem estar em nossos corações. Porém, quando a morte se aproxima deixa-nos arrasados e infelizes, abatidos e às vezes desesperados. Nesses momentos é preciso manter o pensamento em Deus e em seus ensinamentos. É necessário lembrar do que disse São Paulo: “Para mim tenho por certo que as aflições deste tempo presente não se podem comparar a glória”. Além disso, temos inúmeras promessas da parte de Cristo: “Aquele que crer em mim, ainda que morra viverá”.

Por um lado rejeitamos a morte, não gostamos da idéia de encontrá-la pessoalmente. Por outro lado, se não morrermos jamais chegaremos ao convívio eterno junto do Pai. É contra nossos instintos querer que a morte venha logo. Mas é contra a fé achar que foi para esta vida terrena que fomos criados. Deus tem um projeto muito maior para nós. Ter planos de vida eterna neste planeta é coisa de ficção científica. Coisa de quem não tem fé.

O Criador determina um tempo de vida para cada uma de suas criaturas. Temos que acreditar que nesse tempo elas poderão cumprir a missão pessoal recebida do Pai. Umas passam muito rápido por nossas vidas. Outras permanecem por mais tempo. Todas nos ensinam várias lições, exemplos (bons ou maus) que podemos usar para determinar os rumos da nossa própria vida.

Deus dá, Deus tira. Cabe ao Criador determinar qual será a hora de deixarmos esta vida, retornarmos para Ele e entregarmos em suas mãos os frutos de todas as nossas obras. Devemos confiar na sabedoria divina que determina o momento de cada um.

Diante da morte temos que nos conformar. Mas não com um conformismo ingênuo ou alienado, seguindo cegamente o que está escrito a respeito dela numa determina cartilha. Nosso conformismo deve ser uma aceitação de que somos pequenos e limitados, devendo confiar nos planos de Deus para a nossa vida e a dos que nos cercam. Se alguém sabe o que é melhor para nós esse alguém é Deus Pai, mesmo que não compreendamos alguns acontecimentos.

No fim da história a morte, que parece ser a destruidora de tudo, acaba revelando-se para os que têm fé como a grande porta de saída de um mundo mesquinho e marcado por alguma dor. Depois dela vêm a paz e a felicidade, o amor e a vida eterna ao lado do Pai. Como Cristo venceu as trevas da morte, nós também a venceremos por Sua graça. E então passaremos a viver para aquilo que realmente fomos feitos.

Amém.

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