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Publicado: Sexta-feira, 30 de novembro de 2007

A Melhor Forma de Viver o Natal

Aquele clima de “já acabou” ou “está acabando” vai tomando conta da gente. Sem que percebamos, estamos fazendo planos para o ano que vem. E olha que ainda tem dezembro todo para trabalhar e viver cotidianamente. É um dos males da vida moderna: nem bem se viveu o hoje, somos impulsionados a sonhar com o amanhã, mesmo sem saber se chegaremos lá...
 
O consumismo desta época do ano fica ainda mais evidenciado. O comércio aumenta suas horas de trabalho, na ânsia de vender cada vez mais. Essas vendas são importantes para o orçamento do ano vindouro, tanto para as empresas quanto para os funcionários e famílias que delas dependem. Entretanto, a época do Natal não se pode resumir apenas a isso.
 
Quem deve ficar incomodado, sempre que o fim de ano chega, é o Papai Noel. Não pensem os leitores que estou regredindo à infância, mas acredito mesmo no Bom Velhinho. Prefiro acreditar no Papai Noel, que inspira boas atitudes e boas ações, do que acreditar na cassação de políticos corruptos, na punição e confisco de bens dos chefões do crime, na honestidade de certas pessoas. Tanto acredito no Papai Noel, que estou procurando uma maneira de entrevistá-lo, a fim de proporcionais aos leitores um furo de reportagem em breve...
 
Papai Noel deve ficar incomodado, porque acaba ofuscando a figura do Menino Jesus. Infelizmente, trata-se de algo inegável. Basta ver as revistas e jornais, as vitrines e propagandas na televisão, para constatar qual dos dois aparece mais na mídia.
 
O velhinho de barbas brancas tem cara de bonachão, distribui presentes sem pensar em seu orçamento doméstico. Algo feito sob medida para incentivar o comércio. O Filho de Deus é seu oposto: Senhor de todo o universo, Filho de Deus feito homem, nasceu na simplicidade de uma manjedoura no lugar de um bercinho, com trapos no lugar de enxovais.
 
O sentido do Natal vai na contramão do consumismo, que é reter para si cada vez mais bens materiais. Lembremos que o termo “consumismo” não significa comprar aquilo que nos é necessário ou de direito. Quem trabalha honestamente o ano todo, tem o direito de comprar coisas para si e para presentear os outros, na medida de suas condições. Mas pode cair no “consumismo” quando se entrega avidamente ao ato de comprar, exagerando no supérfluo ou na ostentação.
 
Há duas grandes armas contra o consumismo desta época do ano. A primeira é conhecer as biografias de vários santos e santas da Igreja. Eles souberam viver com o que é necessário, souberam repartir os bens materiais com os pobres e sobreviver sem que nada lhes faltasse.
 
Depois de Jesus Cristo, mestre em qualquer lição de humildade e desapego material, quem puxa a fila de exemplos é São Francisco de Assis. Ele que chamava a pobreza de irmã e se encontrasse algum pobre com frio pelo caminho, oferecia-lhe sua própria túnica.
 
A segunda arma contra o consumismo é a prática da caridade, gesto concreto da nossa conversão e reconhecimento pela bondade de Deus conosco, transformada em ação a favor dos necessitados. É tempo de lembrar todas as graças com as quais o Senhor nos presenteou durante o ano. E com a humildade de quem depende em tudo do Pai Celeste, retribuir concretamente ajudando os pobres de Deus.
 
Motivados por um verdadeiro espírito cristão do Natal, podemos viver esta época com o coração muito mais feliz se visitarmos asilos, orfanatos, albergues e hospitais. O Menino Jesus nasceu de forma humilde, a fim de nos passar uma grande lição logo no início de sua existência humana. Assim como o Filho de Deus foi visitado na gruta de Belém pelos Reis Magos, devemos também nós fazer uma visita à humildade interior.
 
Devemos procurar aqueles que nada têm e de que tudo precisam, a fim de ajudar e levar ânimo, a fim de demonstrar amor e levar-lhes a mensagem do Evangelho. O Natal pode ser vivenciado de muitas maneiras, porém esta é certamente a melhor de todas para o nosso coração e para os olhos de Deus.
 
Amém.
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