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Publicado: Terça-feira, 7 de dezembro de 2010

A insustentável luz do Natal

Não costumo abordar o mesmo tema em diferentes textos. Mas às vezes algo transpassa meus pensamentos e se faz presente. Como o Natal. Portanto, aí vai, também por aqui, minha mensagem natalina.

O Natal comemora o nascimento do Menino Jesus. Mais do que uma data religiosa, tornou-se uma data de relevância social.

Em sua origem, carrega a mudança e o surgimento do novo, pois Jesus representa isto. O questionamento do que era a ordem da sociedade até aquele momento, e o surgimento de um novo conjunto de valores. Uma nova visão sobre o que é sagrado.

Hoje, acredito que o Natal nos pede uma revisão parecida. Não a espera de um salvador para personificar o início da transformação, mas a ação para a mudança em si. Na Era das redes, onde o coletivo renasce como valor e como força impulsionadora, a mudança pode ser feita por nós. Por cada um.

O Natal carrega belos valores, mas hoje, carrega também uma dura incongruência. Dessas incongruências incômodas entre nossos belos discursos e nossas confortáveis práticas. São aquelas incoerências que, se olhadas de frente, nos colocarão cara a cara a um desagradável impasse com o qual teremos de lidar.

Acho lindas as luzinhas de Natal brilhando e fazendo brilhar os olhos das crianças. Mas o problema do aquecimento global e o excessivo uso de recursos são desafios sérios. Sérios o suficiente para que comecemos a trabalhar com mais seriedade na mudança de nossa cultura. Mudar a ideia de bonito e de feio.

Eu não acho que deve ser bonito tantas luzes acessas ao mesmo tempo. Será que poderíamos achar caminhos mais inteligentes e modernos?

Vamos apagar todas as luzes na noite de Natal? Ver, quem sabe, o céu! Deixar as estrelas brilharem sem a absurda carga de luzes que nos ofuscam de questões importantes. Com um pouco de sorte veremos até Papai-Noel passando em seu trenó. Pois assim não podemos vê-lo. Não com tantas luzes.

Por fim, divido aqui este pensamento natalino. Incômodo mas com amor por este planeta e por estas crianças com seus olhos que brilham e que merecem seguir brilhando numa sociedade que encontre caminhos mais inteligentes para fazê-los.

Neste período, o calendário judaico comemora Chanuka, conhecida como a festa das luzes. Nesta ocasião, conta-se que Deus proferiu um milagre, e o óleo que iluminava o Templo durou mais que o normal.

Bela passagem, mas sugiro que não esperemos um milagre, pois os milagres são feitos por Deus para dar uma ajudinha quando estamos nós mesmos fazendo a nossa parte. Façamos a nossa parte.

Desejo a todos um Natal de amor, cheio de casas escuras e corações iluminados!

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