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Publicado: Segunda-feira, 1 de janeiro de 2007

A escola que aprende

Crédito: Banco de Imagens A escola que aprende
O futuro é aqui e agora
Seu filho está aprendendo o que é necessário para ser uma pessoa de sucesso? Provavelmente NÃO!!!
Por mais incrível que pareça nossos filhos têm tudo para serem muito bem sucedidos nesse novo mundo sócio-econômico. Mas o que os tira desse caminho somos nós, pais e educadores. O futuro é aqui e agora. Abra sua mente e principalmente o seu coração para o que já está acontecendo na educação e tenha uma “escuta generosa” para as novas habilidades requeridas para o profissional de hoje.

Por que pais e educadores, os mais interessados no sucesso dos filhos e alunos, fazem o contrário do que é preciso para prepará-los para o futuro? Simples: falta de conhecimento.

Tenho visto pais entrarem nas escolas e perguntarem onde está o laboratório de informática e quantos computadores tem por aluno. Falta-lhes a informação da total inutilidade de um laboratório de computadores, assim como seria inútil (no tempo deles) um laboratório de canetas e lápis. Por outro lado, as escolas mantêm esses laboratórios por duas razões: apenas para os pais verem ou - bem pior - porque não sabem de sua inutilidade. O próprio nome “informática” é mal compreendido e muitas escolas, em vez de ensinarem a ciência da informação, ensinam Windows, Word, Excel, Photoshop, Corel e outros. Seria como ensinar a utilizar garfos, pratos, colheres e panelas, em vez de ensinar a cozinhar.

Sendo a comunicação e a informação tão importantes para as profissões do futuro, porque as escolas mal tocam de verdade nesse assunto?
O livro “As Profissões do Futuro”, de Gilson Schwartz , foi escrito em 2000 e  é impressionantemente atual. Gilson nos diz que três palavras resumem a  sua visão: rede, conhecimento e cidadania. “As oportunidades de sobrevivência digna estarão cada vez mais condicionadas, em cada sociedade, pelas possibilidades de criação e multiplicação de redes de conhecimento”,  afirma.

Lamentavelmente, as escolas ainda estão desenhadas ao contrário, formando alunos que acreditam que o objetivo principal da escola é o Vestibular. E para piorar, muitos pais e educadores reforçam essa idéia. Com isso, a grande maioria dos alunos não está preparada para a faculdade e muito menos para o futuro mercado de trabalho.
E quanto às avaliações? As pesquisas mostram que os profissionais bem sucedidos foram na sua maioria mal avaliados em suas escolas e que a maior parte dos bem avaliados não está bem posicionada no mercado de trabalho. O que isso quer dizer? Será que temos que questionar o atual sistema de avaliação? Sim, temos que questionar. E muitos já o estão fazendo. O livro “Fomos Maus Alunos” de Rubem Alves e Gilberto Dimenstein é um presente para essa reflexão. Recomendo a todos os pais interessados em Educação essa deliciosa e rápida leitura de um bate-papo entre os dois.

As habilidades necessárias para o profissional do século XXI (que já começou) demandam que a pessoa seja auto-motivada, auto-dirigida, colaborativa, que tenha senso de cidadania (responsabilidade social e ecológica) e que trabalhe em rede. Enquanto isso, as escolas continuam ensinando o contrário. Os alunos aprendem uma obediência cega à hierarquia para não serem punidos. As lições não são feitas por interesse ou curiosidade e sim porque “vale nota”. Os alunos aprendem a acreditar no que está escrito (sem questionar ou refletir), aprendem a competir para vencer (sem compartilhar ou cooperar) e humilham seus colegas diante do grupo, com a maior naturalidade, já que o próprio professor muitas vezes também o faz. Notas e punições acabam sendo (ainda) a base do sistema de educação. Isso porque apesar de já estar claro que esse sistema não funciona mais, poucos sabem o que colocar no lugar e como fazer isso. Enfim... essa escola está morta, mas ainda não foi enterrada. Cabe aos pais e educadores não permitir que esse modelo continue a existir.
Imagine a seguinte experiência: coloque todos os professores de uma mesma escola numa sala e diga que eles serão avaliados. Sinta a reação de cada um, aplique um teste de QI (veja o medo da maioria), exiba os resultados abertamente, dê os parabéns àqueles que se saírem bem e recomende aos que ficaram abaixo da média para procurarem ajuda. Afinal de contas, um professor precisa ser inteligente! Tenho certeza que a simples proposta vai gerar uma comoção entre os professores...Não vai? Mas se pensarem bem, é isso que a educação está fazendo, sistematicamente, com os alunos. Para que?

O maior equívoco dos pais é acreditar que uma escola que exige muito do aluno é uma boa escola. Os pais aprenderam de seus pais que para se ter um bom futuro é necessário se sacrificar para isso. Portanto, traduzem que uma escola que está mais preocupada em formar seres humanos e cidadãos conscientes em vez de focar no vestibular é uma escola alternativa e provavelmente fraca. Ledo engano! A Escola da Ponte, em Portugal, prova claramente o contrário! Lá, os alunos não têm aulas regulares, conteúdo programático, provas ou notas. O aluno aprende dentro do seu próprio interesse. Segundo José Pacheco, a preocupação deles é com o desenvolvimento do aluno e não com a grade curricular. Resultado: por ser uma escola pública e estar completamente fora do “esquema” de ensino, o estado depois de tentar tudo para acabar com a escola resolveu fazer um “provão” para humilhá-los com as notas baixas de seus alunos. Mas para surpresa geral, a Escola da Ponte ficou em primeiro lugar. Seus alunos obtiveram as melhores notas do país. Nos Estados Unidos, um número muito grande de escolas saíram do esquema formal de ensino. O resultado é que atualmente não é mais obrigatório fazer uma escola oficial, basta passar nos exames.
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