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Publicado: Sábado, 17 de novembro de 2012

A bola enfeitiça

A gente se lembra de tempos outros, de há muito, em que os jogos do Brasil contra vizinhos sul americanos, em geral , até nem despertavam maior atenção, dada a fragilidade dos adversários.

Exceções: Argentina, Uruguai e Paraguai.

Na noite de 14, em Nova Jersey (?), o Brasil enfrentou a Colômbia, equipe que o noticiário esportivo aponta como das mais hábeis, além de classificada em oitavo lugar no censo da FIFA. Nova Jersey (?) sim, porque a comemoração da milésima partida do Brasil caberia mesmo acontecesse no Morumbi, no momento, ainda, o mais expressivo palco brasileiro para eventos de gala.

Jogo disputadíssimo, plateia compactamente espremida. Muito júbilo e manifestação de torcedores, dos colombianos principalmente. Aliás, à execução dos hinos pátrios, viu-se mais uma vez que, enquanto mudos os jogadores e quase sem ouvir-se o canto dos torcedores pátrios, componentes da seleção colombiana e seus patrícios nas arquibancadas extravasaram no canto e na alegria.

Será que o brasileiro só consegue cantar (ou gritar) e se emocionar no Carnaval, com os extremismos todos, quando não ridículos?

Em suma, Colômbia e Brasil mostraram-se iguais no empate, consideradas embora as oportunidades perdidas pelos nossos. Sobre o pênalti do Neimar que mandou a bola às nuvens, puro acidente, escorregadia que estava a grama, constituída de placas colocadas no dia anterior.

A continuar no futebol, não menor expectativa domina o ambiente futebolístico com a proximidade da definição do chamado Clássico das Américas, dia 21, se engano não houver: Brasil e Argentina. Para esta disputa frente a “los hermanos” a grande novidade é a reintegração do Fred no time brasileiro.

Desse menino de 29 anos, diga-se da melhor fase de sua vida de futebolista. Uma sina, ele, que castiga os oponentes e se caracteriza pelo terror dos goleiros; é muito do Fred o capricho de fazer gols decisivos nos últimos três ou quatro minutos antes do apito final, quando não do último minuto.

O Palmeiras, que surpreendeu a todos na tarde de domingo, 11, de certo modo em momentos inclusive superiores ao quase imbatível Fluminense, surgiu como a mais triste vítima do chute fulminante e certeiro do goleador. Tomara se firme como titular e a conservar o bom momento seu, a bem dele e de todos os brasileiros.

Todas essas considerações – são de hoje e agora, claro – podem se tornar envelhecidas dentro de pouco tempo, porque, de outro lado, nada é mais passageiro do que o futebol.

O futebol.

Sim, senhores, o futebol.

Futebol, um ponto de destaque cuja primazia era inquestionavelmente brasileira, superada exemplarmente pela organização séria dos europeus, em especial.  Jogos no velho continente resultam em lotação completa dos estádios em dias úteis. Uma vibração dos torcedores, daqueles que no passado eram vistos pela sua sisudez e fleuma. Milagres que o jogo de bola faz.

Veio à mente, por isso, aquela consideração de constantemente serem vistas as pessoas nos lugares de veraneio ou nos shoppings, - e logicamente nas partidas de futebol - em pleno dia de semana, o que deixa a impressão de que poucos trabalham neste país. E os europeus, também eles se desentranharam do compromisso do labor diário? Se desemprego é crise, futebol é regalia. Curioso, não é?

Mais se diga, aqui no Brasil, das torcidas organizadas, que se transportam de cá para lá com a naturalidade de alguém que vai virar uma esquina. Acompanham seus times para onde haja disputa. E não se prepara por acaso a nação corintiana para invadir o Japão? Assunto do dia.  Aliás, você, corintiano, já aprendeu o hino em japonês? Tem até crianças empenhadas nesse afã, treinadas pelos pais enfeitiçados pelo que chamam de nação.

E como homenagem e encerramento do encontro de hoje, aí vai, um tom de saudade e recordação, tudo força do esporte que viera da Inglaterra, agigantou-se aqui e agora com império de volta para além mar.

O futebol brilha enfim em todas as épocas e para que a referência se cinja a nomes locais, não se esquece deles.

Olha eles aí:

Mão de Onça, Ireno e Tati; Jacó, Mário e Nim: Carneiro, Ioiô,Rubini, Mickey e Fortaleza.

Finalmente, não há porque esconder a predileção pela camisa de três cores, tri-campeã mundial.

Essa primazia vem de longe.

Ei-la:

Mário, Savério e Mauro; Bauer, Rui e Noronha: Friaça, Ponce de Leon, Leônidas, Remo e Teixeirinha.

É preciso dizer mais?

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