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Publicado: Terça-feira, 29 de agosto de 2017

Chimpanzé libertada por Habeas Corpus já tem companheiro em santuário

Cecília está interagindo com o vizinho Marcelino.

Crédito: Projeto GAP Chimpanzé libertada por Habeas Corpus já tem companheiro em santuário
Cecília e seu novo companheiro Marcelino

Em abril desse ano, Cecília entrou para a história como o primeiro grande primata do mundo a ter o direito de viver em um santuário por meio de um instrumento jurídico humano. A chimpanzé de 20 anos usufruiu na prática do direito concedido por um Habeas Corpus quando foi transferida do zoológico de Mendoza, na Argentina, para o Santuário de Grandes Primatas de Sorocaba, em São Paulo, afiliado ao Projeto GAP.

Para a vida no santuário ficar ainda melhor, só faltava Cecília interagir de fato com pelo menos um dos outros 50 chimpanzés do local. Após o período de quarentena e de adaptação da chimpanzé à nova rotina – no início ela ainda demonstrava ter muitos traumas -, a prioridade passou a ser escolher um “candidato” a companheiro, para ela socializar e deixar de vez para trás a vida de solidão em uma jaula de cimento que vivia na Argentina. Este “candidato” foi Marcelino e a experiência, iniciada há cerca de uma semana, não poderia ter sido melhor. De acordo com informações do santuário, a química entre os dois chimpanzés foi instantânea e eles estão dividindo o mesmo recinto com muito carinho.

Marcelino tem 10 anos e nasceu no santuário. É filho de Peter e Tata, resgatados do zoológico Buana Park, no Rio de Janeiro. Sempre viveu no grupo da sua família, mas nos últimos meses começaram disputas naturais de liderança com o próprio pai e ele foi separado em outro recinto. A integração com Cecília veio a calhar e traz benefícios para ambos os chimpanzés.

O Habeas Corpus de Cecília

Cecília nasceu no zoológico de Mendoza e nunca tinha conhecido outra vida a não ser em um recinto de 20 m2 de cimento e exposta a meio metro do público. Para piorar, viveu anos sozinha e em condições precárias depois da morte inesperada de seus companheiros. Diante de tal situação, em 2015 a ONG argentina AFADA – Associacion de Funcionarios y Abocados pelos Derechos de los Animales à Justiça deu entrada no pedido de Habeas Corpus, com argumentos que a chimpanzé é um sujeito de direito, e não um objeto, e que se encontrava em condições de cativeiro muito ruins no zoológico. O processo correu por mais de um ano até que a Juíza Maria Alejandra Maurício concedeu o pedido e determinou a transferência de Cecília para o santuário brasileiro. Leia mais! 

Outras tentativas de libertação de grandes primatas de cativeiros inadequados no Brasil, nos Estados Unidos e na Europa por meio de instrumentos jurídicos humanos já foram e vêm sendo feitas, mas até o momento não tiveram sucesso e, por diversas razões, as transferências para santuários ainda não aconteceram. A história de Cecília representa assim um marco, e poderá abrir portas para o sucesso de casos similares com outros animais.

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